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Japão critica "BBC" por piada sobre sobrevivente de bombas atômicas

Rede de televisão britânica chamou sobrevivente das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki de "o homem mais infeliz do mundo"

Monumento erguido às vítimas de Hiroshima, no Japão: ofensa não pegou bem (WIKIMEDIA COMMONS)

Monumento erguido às vítimas de Hiroshima, no Japão: ofensa não pegou bem (WIKIMEDIA COMMONS)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2011 às 15h31.

Tóquio - O Governo do Japão apresentou um protesto contra a rede de televisão britânica "BBC" por considerar que a emissora insultou a memória de um sobrevivente das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, definido de forma cômica pela TV como "o homem mais infeliz do mundo".

Tal como informou nesta sexta-feira a agência local "Kyodo", a embaixada japonesa em Londres enviou outra queixa à produtora do programa de humor "QI", que em 17 de dezembro apresentou com humor negro Tsutomu Yamaguchi, homem símbolo da tragédia atômica no Japão, que morreu no ano passado.

Durante a transmissão, o apresentador lembrou que Yamaguchi sofreu sérios ferimentos pela bomba atômica de Hiroshima, de 6 de agosto de 1945, e viajou depois a Nagasaki, onde em três dias depois seria vítima da segunda bomba atômica lançada pela Aeronáutica americana durante a Segunda Guerra Mundial.

O homem sobreviveu e dedicou boa parte de sua vida à luta contra as armas nucleares, até sua morte em janeiro de 2010, aos 93 anos, de câncer de estômago.

"Tinha caído a bomba atômica, mas mesmo assim os trens funcionavam. Então, ele pegou um trem a Nagasaki e caiu outra bomba", brincou o apresentador do programa "QI", suscitando risos do público.

Segundo a "Kyodo", um dos produtores do programa já pediu desculpas àqueles que enviaram e-mails de protesto. "Evidentemente, subestimei a potencial sensibilidade do tema para os espectadores japoneses".

"Lamentamos profundamente as ocasiões em que ofendemos alguém", acrescentou.

A filha mais velha do hibakusha (como são chamadas no Japão as vítimas das bombas atômicas), Toshiko Yamazaki, de 62 anos, lamentou o tratamento dado pela "BBC" à figura de seu pai.

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