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Japão aprova continuar com a utilização de energia nuclear

Plano vai contra Executivo anterior que, após Fukushima, pretendia eliminar a utilização da energia nuclear até 2030


	Inspetores na central de Fukushima: segundo o texto aprovado, o governo "seguirá adiante com a reativação das usinas nucleares" do país"
 (Tokyo Electric Power Co/Handout via Reuters)

Inspetores na central de Fukushima: segundo o texto aprovado, o governo "seguirá adiante com a reativação das usinas nucleares" do país" (Tokyo Electric Power Co/Handout via Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 06h50.

Tóquio - O governo do Japão aprovou formalmente nesta sexta-feira um plano básico de energia em virtude do qual continuará utilizando a eletricidade gerada pela fissão nuclear, o que vai contra os planos do Executivo anterior que, após o acidente de Fukushima, pretendia eliminar a utilização desse tipo de energia até 2030.

Segundo o texto aprovado hoje, o governo "seguirá adiante com a reativação das usinas nucleares" do país, que continuam sem funcionar por causa da crise provocada pelo terremoto e tsunami de março de 2011, mas, ao mesmo tempo, se comprometerá a "reduzir a dependência atômica na medida do possível".

Esta decisão já era prevista quando o Partido Liberal-Democrata (PLD), que é a favor da utilização da energia nuclear, chegou ao poder em dezembro de 2012.

No entanto, o Executivo do primeiro-ministro Shinzo Abe demorou muito mais do que o previsto para aprovar a medida, pois muitos dos parlamentares do PLD consideraram que o tom das primeiras minutas do plano era muito pró-nuclear.

Por isso, após várias revisões, o governo decidiu definir a energia nuclear como "uma fonte importante", que é barata no que se refere aos custos operacionais e que pode gerar eletricidade continuamente de maneira estável.

Também deixa em aberto a possibilidade de construir novos reatores em função de a provisão energética (o Japão tem uma dependência do exterior de 90%) ser suficientemente estável ou não.

O Gabinete de Abe não incluiu no programa porcentagens específicas com relação ao "mix" energético do país no curto prazo, porque considera difícil prever quantos reatores poderão passar pelos novos padrões de segurança - que ficaram mais rígidos depois de Fukushima - para ser reativados e qual será o volume de energia renovável disponível.

A contribuição da energia renovável na produção de eletricidade antes do acidente atômico era inferior a 10% (as nucleares forneciam quase 30%), mas a participação das mesmas aumentou desde então, graças a uma mudança na legislação para incentivar as fontes renováveis.

Para deixar claro seu desejo de aumentar a energia não poluente, o governo promete no texto introduzir fontes verdes no país "muito acima" dos níveis comprometidos nas administrações anteriores.

O plano básico de energia anterior aprovado em 2010, que deve ser revisado a cada três anos, previa que as renováveis forneceriam em torno de 20% da eletricidade em 2030.

Por último, o plano básico revisado também confirma a necessidade de continuar trabalhando nos projetos que buscam a reciclagem do combustível nuclear gasto no Japão e que até agora não tiveram o sucesso esperado.

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