Convite foi aceito pela artista após conversa com o presidente eleito (Lucas Aguayo Araos/Anadolu Agency/Getty Images)
AFP
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 15h23.
O ex-presidente peruano Pedro Castillo disse nesta terça-feira, 13, que jamais renunciará ao cargo e pediu aos militares e à polícia que parem de reprimir as manifestações que deixaram sete mortos e dezenas de feridos desde domingo, após seu autogolpe fracassado.
"Jamais renunciarei e abandonarei esta causa popular que me trouxe até aqui. Daqui quero exortar as Forças Armadas e a Polícia Nacional a depor as armas e parar de matar este povo sedento de justiça”, disse Castillo em uma audiência judicial que avalia seu recurso à prisão provisória.
"Estou detido injustamente e arbitrariamente, não sou ladrão, estuprador, corrupto ou bandido", acrescentou o ex-governante em uma audiência virtual, que avaliou um recurso contra sua prisão preliminar de sete dias.
"Nunca cometi crime de conspiração ou rebelião", disse, dirigindo-se ao juiz supremo César San Martín, o mesmo juiz que condenou o ex-presidente Alberto Fujimori em 2009.
Castillo foi detido pela polícia há uma semana, após seu autogolpe fracassado e sua posterior destituição pelo Congresso.
A vice-presidente Dina Boluarte assumiu imediatamente a chefia do Estado, conforme previsto na Constituição.
LEIA TAMBÉM: Peru: nova presidente propõe eleições antecipadas após protestos que deixaram dois mortos
As violentas manifestações contra Boluarte persistem com inúmeras estradas bloqueadas em 13 das 24 regiões do país, segundo um relatório da polícia.
As regiões mais agitadas estão no sul, onde estão localizadas a cidade turística de Cusco e Arequipa, a segunda cidade do país, e Apurímac, região natal de Boluarte. As áreas se tornaram o epicentro dos protestos.
No norte, as regiões mais conturbadas são La Libertad e Cajamarca, cidade natal de Castillo.
Houve confrontos desiguais entre manifestantes radicais e policiais em uma batalha na rua. Um lado utilizou armas artesanais e pedras, enquanto os agentes usaram armas de fogo e gás lacrimogêneo.
Vários sindicatos agrários e indígenas convocaram nesta terça-feira uma "greve por tempo indeterminado", para exigir eleições gerais.
Por afetar principalmente as áreas rurais do Peru, o ato não repercutiu muito até o meio da manhã. Entretanto, a greve já causou a suspensão do serviço ferroviário entre Cusco e a cidadela inca Machu Picchu, joia do turismo peruano.
O aeroporto de Cusco também foi fechado na noite de segunda-feira, 12, depois de manifestantes tentarem tomá-lo. Centenas de passageiros ficaram presos.
Boluarte busca negociar com o Congresso o adiantamento das eleições gerais, de julho de 2026 para abril de 2024.
Na última quarta-feira, 7, Castillo ordenou a dissolução do parlamento e a intervenção do sistema judicial em um recado para o país, horas antes do parlamento debater sua destituição por suposta corrupção.
O ex-presidente foi detido por seus guarda-costas enquanto se dirigia à embaixada mexicana para pedir asilo.
O Ministério Público, que o investigava por corrupção, acusou-o de "rebelião" e "conspiração" em flagrante.
LEIA TAMBÉM:
O longo caminho legal para a antecipação das eleições no Peru
Peru prendeu quatro ex-presidentes por corrupção nos últimos anos; relembre