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Ivanishvili, o milionário que procura equilíbrio improvável

"Vim para restaurar a justiça na Geórgia", assegurou Ivanishvili, o homem mais rico do país, que tem uma fortuna estimada em US$ 6,4 bilhões, segundo a revista "Forbes"

Bidzina Ivanishvili: nascido em uma família georgiana, Ivanishvili tem quatro filhos, sendo um deles um famoso cantor de rap (REUTERS)

Bidzina Ivanishvili: nascido em uma família georgiana, Ivanishvili tem quatro filhos, sendo um deles um famoso cantor de rap (REUTERS)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2012 às 14h31.

Tbilisi - O líder da oposição georgiana, Bidzin Ivanishvili, cuja coalizão ganhou as eleições parlamentares de segunda-feira, é um multimilionário, quase sem experiência política e que pretende alcançar um equilíbrio, aparentemente impossível, entre o ingresso na Otan e o restabelecimento das relações com a Rússia.

"Vim para restaurar a justiça na Geórgia", assegurou Ivanishvili, o homem mais rico do país, que tem uma fortuna estimada em US$ 6,4 bilhões, segundo a revista "Forbes".

Ivanishvili é cidadão francês, já que as autoridades lhe privaram da nacionalidade georgiana há um ano, quatro dias depois de anunciar sua entrada na política e criar o Sonho Georgiano, a coalizão que reúne seis partidos opositores.

Com a ação, o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili , se vingou do que considerava uma traição, já que o empresário tinha financiado o exército e a polícia durante anos e contribui para a construção de teatros, escolas e instalações esportivas.

No entanto, perante milhares de críticas internacionais, o Parlamente do país aprovou uma lei na qual ficou permitido que cidadãos da União Europeia, nascidos na Geórgia, como é o caso do opositor, podem concorrer às eleições.

Um ano depois, Ivanishvili não só desbancou do poder o partido governista, mas impedirá Saakashvili de permanecer no poder quando terminar seu segundo mandato, no ano que vem.

De acordo com a Constituição georgiana, não é permitido que um presidente fique à frente do país por mais de dois mandatos consecutivos, por isso que Saakashvili não poderá concorrer à reeleição em 2013.

Saakashvili acusa Ivanishvili de defender os interesses da Rússia, que teria dedicado bilhões de dólares ao financiamento da oposição.

Por outro lado, o opositor afirma que, embora tenha feito dinheiro vendendo computadores na Rússia e ali constituiu sua fortuna após a queda da URSS em 1991, já vendeu todos seus ativos no país.


Ivanishvili, de 56 anos, triunfou onde muitos outros fracassaram: aglutinou a oposição, que nos últimos nove anos nunca tinha conseguido fazer frente à coalizão eleitoral de Saakashvili.

Para o opositor, foi muito bom que um vídeo com imagens de torturas aos presos tenha sido divulgado uma semana antes das eleições, fazendo com que a população fizesse duras críticas a Saakashvili e diversos protestos no país.

Perante a possibilidade da oposição ganhar o poder, nos últimos meses Estados Unidos e União Europeia foram muito mais tímidos na hora de expressar apoio a Saakashvili, o principal oponente da Rússia no Cáucaso.

O multimilionário, que fala inglês, francês e russo,l inclusive apoiou o presidente e antigo ministro de Relações Exteriores da URSS, Eduard Shevardnadze, que foi derrubado por Saakashvili na Revolução das Rosas de 2003.

Ivanishvili afirmou que, caso seja nomeado primeiro-ministro, irá tentar uma aproximação com a Otan, cujo secretário-geral insistiu nos últimos meses que as portas da Aliança estão abertas para o país.

"O rumo estratégico será a integração euro-atlântica e o ingresso na Otan. A humanidade ainda não inventou nada melhor que essas organizações", disse o opositor.

Saakashvili conseguiu colocar a Geórgia ao lado dos Estados Unidos e da Aliança Atlântica ao participar ativamente nas operações militares no Afeganistão.

O opositor tem intenção de seguir esse caminho, embora a Rússia tenha expressado, em muitas ocasiões, que não ficará de braços cruzados se a Otan tiver relações com o país.

Ivanishvili também assegurou, durante a campanha, que tem "intenção de melhorar as relações com a Rússia, mas não à custa da integridade territorial da Geórgia".

Tbilisi rompeu relações com Moscou em 2008 devido ao reconhecimento russo da independência das regiões separatistas georgianas de Abjasia e Osetia do Sul.

Ivanishvili propõe restabelecer as relações com o Kremlin, que apostou desde o princípio na vitória do opositor, que é considerado um interlocutor muito mais manipulável que Saakashvili.

Nascido em uma família georgiana, Ivanishvili tem quatro filhos, sendo um deles um famoso cantor de rap. 

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