Mundo

Itália: região líbia da Cirenaica não está sob controle de Kadafi

Segundo o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, islamismo radical tomou conta do nordeste líbio

Kadafi: chanceler italiano também condenou as mortes de inocentes na Líbia (Giorgio Cosulich/Getty Images)

Kadafi: chanceler italiano também condenou as mortes de inocentes na Líbia (Giorgio Cosulich/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 09h18.

Roma - O ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, garantiu nesta quarta-feira que a região da Cirenaica, no nordeste da Líbia, não está sob o controle do Governo de Muammar Kadafi.

"Sabemos com toda segurança que a Cirenaica não está sob o controle do Governo líbio e que há confrontos no restante do país", revelou nesta quarta Frattini aos jornalistas à margem de um congresso da Comunidade de Sant'Egídio em Roma, instantes antes de comparecer à Câmara dos Deputados.

Diante da Câmara Baixa, em um comparecimento extraordinário para abordar a crise líbia, o ministro de Relações Exteriores italiano expressou sua preocupação pelo "islamismo radical" que, segundo ele, tomou o controle dessa região nordeste do país norte-africano.

"Na Cirenaica há três dias anunciaram o nascimento de um emirado islâmico da Líbia oriental. Anunciaram a intenção de sequestrar ocidentais. Este islamismo radical causa preocupação porque fica a poucas centenas de quilômetros da União Europeia (UE)", afirmou Frattini.

"Mas nada pode justificar a morte violenta de centenas de civis inocentes. Contra isto reagiu unanimemente após uma séria reflexão em profundidade a União Europeia e a comunidade internacional", acrescentou.


O ministro de Relações Exteriores italiano anunciou que a Itália aceitou o pedido do Reino Unido e da Sérvia de "permitir a aterrissagem de voos humanitários para retirada urgente e imediata de cidadãos desses países".

Mostrou preocupação porque o fluxo de imigração ilegal a partir da Líbia em direção rumo às costas judiciais europeias, principalmente as italianas, possa incrementar-se nos próximos meses como consequência de uma possível guerra civil no país norte-africano que possa "levar ao colapso o sistema líbio".

"Na Líbia vivem mais de 2 milhões de cidadãos não líbios, 30% da população residente. Vêm de países da África Subsaaariana, do magrebe e do máshreq. É evidente que a perda de trabalho, a situação de emergência, o risco da segurança pessoal, poderiam induzir a buscar a salvação em outro lugar", comentou Frattini.

"Europa deveria levar em consideração a proposta dos países mediterrâneos da UE de uma solidariedade europeia" que reparta os custos que pode trazer esse possível aumento do fluxo da imigração.

A ausência de uma resposta comum da Europa diante da crise do norte da África seria, segundo Frattini, "a destruição da solidariedade europeia, o fim das políticas europeias como as conhecemos nos últimos 50 anos".

O ministro de Relações Exteriores, quem acredita "verossímil" que possa chegar ao "mil" o número de mortos durante as revoltas dos últimos dias na Líbia, garantiu que a atual situação de violência no país norte-africano representa um "limite" para a linha das relações diplomáticas que a Itália manteve nos últimos anos com o regime de Kadafi.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDiplomaciaEuropaItáliaLíbiaOposição políticaPaíses ricosPiigs

Mais de Mundo

Califórnia promete intervir se Trump eliminar incentivos fiscais a veículos elétricos

Trump diz que taxará produtos do México e Canadá assim que assumir a presidência

Mais de R$ 4,3 mil por pessoa: Margem Equatorial já aumenta pib per capita do Suriname

Nicarágua multará e fechará empresas que aplicarem sanções internacionais