Mais de 650 mil imigrantes já chegaram às praias italianas desde 2014 (Guglielmo Mangiapane/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de agosto de 2018 às 10h22.
Última atualização em 13 de agosto de 2018 às 10h23.
A bordo do Aquarius - A Itália disse nesta segunda-feira que não dará abrigo para as 141 pessoas resgatadas pelo navio humanitário Aquarius no litoral da Líbia na semana passada, pedindo que o Reino Unido ou outros membros da União Europeia os recebam.
O navio Aquarius, operado pelas instituições de caridade SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteira (MSF), recolheu os imigrantes em duas operações separadas e atualmente está em águas internacionais entre a Itália e Malta.
O Aquarius passou nove dias no mar em junho depois que o novo governo italiano tomou posse e fechou seus portos a todos os navios humanitários, classificando-os como "serviço de táxi" e os acusando de ajudar traficantes de pessoas. As entidades humanitárias negam as acusações.
"Ele pode ir para onde quiser, não para a Itália!", disse o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, sobre o Aquarius, no Twitter, mencionando França, Alemanha, Reino Unido ou Malta como destinos.
"Impeçam os traficantes de pessoas e seus cúmplices, #portosfechados e #coraçõesabertos", acrescentou Salvini, que é de extrema-direita.
Nave ONG Aquarius con altri 141 immigrati a bordo: proprietà tedesca, noleggiata da Ong francese, equipaggio straniero, in acque maltesi, battente bandiera di Gibilterra.
Può andare dove vuole, non in Italia!
STOP trafficanti di esseri umani e complici,#portichiusi e #cuoriaperti— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) August 13, 2018
O ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, que supervisiona os portos e a Guarda Costeira, disse que, como o navio tem bandeira de Gibraltar, este deveria se responsabilizar.
"A esta altura, o Reino Unido deveria assumir sua responsabilidade pela salvaguarda dos náufragos", disse Toninelli no Twitter.
L'Ong #Aquarius è stata coordinata dalla Guardia Costiera libica in area di loro responsabilità. La nave è ora in acque maltesi e batte bandiera di Gibilterra. A questo punto il Regno Unito si assuma le sue responsabilità per la salvaguardia dei naufraghi.
— Danilo Toninelli (@DaniloToninelli) August 13, 2018
O Ministério de Relações Exteriores britânico não estava disponível para comentar de imediato.
A Comissão Europeia está em contato com vários países da UE e tentando ajudar a resolver o "incidente" com o Aquarius, disse um porta-voz em Bruxelas.
O centro de coordenação de resgates de Malta informou ao Aquarius no sábado que não o receberá, de acordo com o diário de bordo online do navio. O porta-voz do governo maltês não estava disponível para comentar de imediato nesta segunda-feira.
Devido à pressão de Itália e Malta, a maioria dos navios humanitários não está mais patrulhando o litoral da Líbia. Mais de 650 mil imigrantes já chegaram às praias italianas desde 2014.
Embora as partidas da Líbia tenham diminuído drasticamente neste ano, os traficantes de pessoas ainda estão lançando barcos ao mar, e estima-se que 720 pessoas morreram em junho e julho, quando a maioria dos navios humanitários estava ausente, avalia a Anistia Internacional.