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Itália pode congelar preço de ações líbias em grupos do país

Medida seria adotada para impedir que Kadafi faça alguma manobra com as ações; Líbia teria € 3,6 bilhões investidos no país europeu

Fachada do UniCredit: o maior banco italiano tem a Líbia como acionista (Damien Meyer/AFP)

Fachada do UniCredit: o maior banco italiano tem a Líbia como acionista (Damien Meyer/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2011 às 13h07.

Milão - A Itália analisa a possibilidade de congelar o valor das ações líbias em grupos italianos, depois de as Nações Unidas e a União Europeia terem imposto sanções a Muamar Kadafi e seus parentes, asseguraram nesta terça-feira vários jornais locais.

"O governo italiano estuda a forma de proteger as ações do Estado líbio na Itália e evitar que sejam objeto de manobras financeiras fraudulentas por parte do regime de Kadafi", escreveu o jornal econômico Il Sole 24 Ore.

O ministério da Economia italiano informou à AFP que uma reunião de especialistas foi organizada para estudar o caso.

Segundo a imprensa, o congelamento das ações líbias será decidido pelo Comitê para a Defesa da Estabilidade Financeira, presidido pelo ministro da Economia, Giulio Tremonti.

No entanto, o ministro não quis pronunciar-se sobre o delicado tema e o comitê não foi convocado oficialmente até o momento.

Os laços entre Itália e Líbia reforçaram-se desde a assinatura em agosto de 2008 de um acordo histórico para indenizar as feridas do colonialismo italiano (1911-1942) por um montante de 5 bilhões de dólares em 25 anos.

Graças ao acordo, a Líbia reforçou sua presença em grandes grupos italianos e segundo cálculos do jornal econômico Il Sole 24 Ore, o valor das ações que a Líbia possui na Itália alcança os 3,6 bilhões de euros (em torno de 4,9 bilhões de dólares).

O maior banco italiano, UniCredit, tem entre seus maiores investidores o banco central da Líbia e o fundo de investimento desse país.

No fim de 2008, em plena crise financeira mundial, o banco central líbio comprou 4% do banco italiano, que estava em péssimas condições e no ano passado, com a chegada do fundo soberano Libyan Investment Authority (LIA) (2,59%), a Líbia tornou-se o maior acionista do UniCredit, com 7,58%.

O fundo de investimentos líbio detém desde janeiro passado 2,01% do grupo aeronáutico e de defesa Finmeccanica, controlado pelo Estado italiano.

A Líbia tem cerca de 0,5% da petroleira ENI, o colosso do petróleo italiano.

Através do LIA, Trípoli também é proprietária de 7,5% do clube Juventus de Turim, uma das glórias nacionais.

Em torno de 180 empresas italianas funcionam ou funcionavam na Líbia.

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