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Itália e EUA: Líbia estável solucionaria crise migratória

Imigração clandestina do Mediterrâneo só poderia ser resolvida com estabilidade na situação da Líbia


	Imigrantes ilegais retidos na Líbia quando tentavam ir para a Itália pelo Mediterrâneo, em março
 (REUTERS/Goran Tomasevic)

Imigrantes ilegais retidos na Líbia quando tentavam ir para a Itália pelo Mediterrâneo, em março (REUTERS/Goran Tomasevic)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2015 às 21h40.

A trágica crise da imigração clandestina no Mediterrâneo só poderá ser resolvida com a estabilidade da situação na Líbia, destacaram nesta sexta-feira o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e o presidente americano, Barack Obama.

"A única solução hoje é a paz (na Líbia) e a estabilidade das instituições", declarou Renzi durante coletiva de imprensa conjunta com Obama, na Casa Branca. "É um mar, não um cemitério", acrescentou.

Renzi disse ainda que este problema abrange todos os países da região.

"Devemos também ter consciência plena do fato de que a tarefa não só diz respeito à Líbia, mas a toda a África, e diria, ao mundo inteiro", afirmou.

A respeito, destacou que 91% dos migrantes que chegam à Itália vindos da África passam pela Líbia, "exatamente como há três anos vinham da Tunísia quando havia ausência de estabilidade neste país", insistiu Renzi ao reivindicar uma autêntica coordenação internacional.

Segundo a guarda costeira italiana, mais de 11.000 migrantes desembarcaram nos últimos seis dias e outras centenas continuam chegando.

No domingo, 400 pessoas teriam desaparecido no Mediterrâneo após o naufrágio de uma embarcação lotada, enquanto 41 morreram na quinta-feira no naufrágio da barcaça em que viajavam para chegar à costa italiana.

Pessoas originárias de vários países da África subsaariana relatam viagens angustiantes por vários países até chegar à Líbia, sofrendo com a violência das milícias, a angústia de transições com traficantes de pessoas e o pesadelo da travessia.

Obama lembrou a preocupação americana pelo surgimento de áreas controladas por grupos "terroristas".

"O EI (grupo Estado Islâmico) quer, muito explicitamente, explorar o caos na Líbia para se instalar ali", disse o presidente americano.

"A coordenação com a Itália e outros parceiros-chave será muito importante. Não podemos resolver o problema com alguns ataques de drones ou com operações militares", disse, em alusão a um fortalecimento da luta contra o terrorismo, combinada com um esforço político.

Neste sentido, destacou que a única resposta confiável a longo prazo é ter um governo no local "que controla suas fronteiras e trabalha conosco".

Obama também incentivou os países do Golfo Pérsico "que têm uma influência nas diversas facções na Líbia" a desempenhar um papel construtivo.

"Em alguns casos, alimentaram as chamas do conflito militar ao invés de tentar reduzi-las", disse o presidente.

O caso da Líbia é fonte de tensão especialmente grave entre Qatar e Egito. Doha criticou abertamente as incursões aéreas egípcias contra o EI neste país, enquanto o Cairo o acusa de apoiar o terrorismo. Outros países do Golfo apoiaram o Egito.

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