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Itália busca brecha para que rebeldes líbios vendam petróleo

Até agora, os rebeldes conseguiram exportar apenas pequenas quantidades com ajuda do Catar, que junto com França e Itália foi um dos primeiros países a reconhecer sua autoridade

Produção de petróleo no oriente médio: Arábia Saudita vai aumentar oferta (Joe Raedle/Getty Images)

Produção de petróleo no oriente médio: Arábia Saudita vai aumentar oferta (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2011 às 22h43.

Roma - Uma reunião de governos ocidentais e do Oriente Médio, marcada para maio em Roma, buscará maneiras de permitir que os rebeldes líbios vendam petróleo ao mercado mundial, disse na terça-feira o chanceler italiano, Franco Frattini.

As declarações ressaltam a incerteza gerada pelas sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) que deveriam servir para cercear o regime de Muammar Gaddafi, mas que acabaram também por impedir que os rebeldes vendam o petróleo extraído nas regiões sob seu controle, o que lhes permitiria angariar fundos para sua luta.

Falando após uma reunião com Mustafa Abdel Jalil, chefe do principal conselho rebelde da Líbia, Frattini disse que o "Grupo de Contato" com a Líbia, envolvendo países da Europa e Oriente Médio, mais a ONU, a União Africana e a Liga Árabe, vai discutir a questão no começo do mês que vem na capital italiana.

A data exata não foi definida, mas as autoridades italianas disseram que o encontro será possivelmente no dia 2.

Frattini disse que o grupo avaliará maneiras de liberar bens pertencentes a Gaddafi que estão congelados pela resolução da ONU, e que discutirá também formas de permitir "a venda de derivados de petróleo produzidos na Cirenaica (leste da Líbia) ... com instrumentos financeiros transparentes." Jalil, que também se reuniu com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, antes de viajar na quarta-feira a Paris, apelou às potências ocidentais para que intensifiquem suas ações militares contra as forças de Gaddafi.

Mas ele não chegou a pedir à Itália que suspenda as restrições que impedem a sua aviação de participar ativamente dos bombardeios realizados pela Otan contra as forças do regime.

"O que nós esperamos que os nossos amigos italianos façam é colocar mais pressão militar sobre Gaddafi para forçá-lo a deixar o país e renunciar", afirmou o dirigente rebelde a jornalistas.

Além de pedir apoio militar e outros tipos de ajuda, como bolsas acadêmicas, Jalil pretende com sua visita fortalecer os laços econômicos da zona rebelde com a Itália, que esteve entre os melhores amigos de Gaddafi na Europa até o início da rebelião.

Abdurrahman Shalgham, ex-embaixador da Líbia na ONU, e que acompanha Jalil na viagem, disse que a delegação teve breves contatos com empresas italianas como a elétrica Enel , a fábrica de equipamentos eletrônicos militares Finmeccanica e o banco Unicredit , o principal do país.

Paolo Scaroni, executivo-chefe da Eni, empresa italiana que era o maior exportador de petróleo da Líbia até o início do conflito, também esteve na reunião com Berlusconi, segundo um funcionário que pediu anonimato.

Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Catar estão entre os países que defendem a autorização para a venda de petróleo do leste da Líbia.

Até agora, os rebeldes conseguiram exportar apenas pequenas quantidades, com a ajuda do Catar, que juntamente com França e Itália foi um dos primeiros países a reconhecer o Conselho Nacional de Transição, uma instância criada pelo rebeldes, como legítimo governo da Líbia.

Jalil agradeceu a Itália pelo seu apoio e reiterou que um futuro governo rebelde irá manter os tratados e acordos comerciais existentes. Ele disse que os primeiros apoiadores receberão uma recompensa especial.

"Haverá uma forte cooperação e amizade com a Itália, Catar e França, em primeira instância. Depois deles virão todos os nossos outros amigos -- Estados Unidos, Grã-Bretanha -- que nos têm apoiado, mas cada um de acordo com o quanto tem nos apoiado hoje."

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