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Itália aguarda anúncio de Cottarelli sobre novo governo

Nenhum dos principais partidos planeja apoiar a formação do governo de Carlo Cottarelli, indicado pelo presidente para o cargo de primeiro-ministro

A imprensa italiana citar um possível acordo entre as partes para não votarem no governo de Cottarelli (Tony Gentile/Reuters)

A imprensa italiana citar um possível acordo entre as partes para não votarem no governo de Cottarelli (Tony Gentile/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de maio de 2018 às 10h19.

A Itália aguardava nesta quarta-feira a formação do governo de Carlo Cottarelli, enquanto a hipótese de um Executivo populista ressurgiu e os mercados financeiros tentavam se recuperar.

Cottarelli, ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), retornou no início da manhã ao Palácio Quirinal, sede da presidência, para uma breve reunião informal com o presidente Sergio Mattarella, antes de ir ao Parlamento para novas consultas.

Os meios de comunicação italianos não param de especular desde o adiamento, sem explicação, do anúncio da composição de sua equipe de governo, que era esperada para terça-feira.

Nenhum dos principais partidos planeja dar o voto de confiança - até mesmo o Partido Democrata (PD, centro-esquerda) deve se abster - ao governo de Cottarelli, que, se formado, só deverá tratar os assuntos correntes antes das eleições anunciadas para "depois do mês de agosto".

Mas na terça-feira, a imprensa italiana evocou os passos dos legisladores de todos os espectros para um retorno às urnas a partir de 29 de julho, para dar tempo para que a próxima maioria elabore e adote o orçamento de 2019.

Levando em consideração as eleições, os meios de comunicação citaram um possível acordo para que todas as partes se abstenham durante o voto de confiança do governo de Cottarelli, o que permitiria à Itália ter um Executivo que não seja abertamente negado.

Em um comício em Nápoles na terça-feira, Luigi Di Maio, líder do Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema), também relançou a hipótese de um governo de união com a Liga (extrema-direita), que teve de ser abandonado no domingo, como resultado do veto de Mattarella a um ministro das Finanças contrário ao euro.

Após ter exigido a destituição do presidente, Di Maio voltou atrás: "Estamos prontos a rever nossa posição (...). Mas é preciso respeitar a vontade do povo. Há uma maioria no Parlamento".

Volatilidade dos mercados

Liderando comícios para as eleições municipais na Toscana, Salvini não parecia interessado. "Passei semanas em Roma tentando formar um governo, foi um esforço inútil, agora estou entre os italianos", disse ele, pedindo um retorno às urnas em setembro.

"Não vamos nos opor a soluções rápidas para lidar com emergências, mas devemos dar a palavra aos italianos o mais rápido possível", insistiram fontes da Liga.

Salvini, que transformou seu partido separatista em um soberanista, anti-euro e anti-imigrante, está em ascensão. Depois de obter 17% dos votos nas eleições de março (contra 4% em relação a 2013), a Liga excede atualmente 20% das intenções de voto, enquanto outras formações estagnaram ou estão caindo.

Depois de vários dias de comoção - principalmente "emocional" de acordo com o presidente do Banco da Itália, Ignazio Visco -, os mercados financeiros continuavam voláteis, mas tentavam uma recuperação no início desta tarde: a Bolsa de Milão subia quase 2% e o "spread" caía abaixo dos 260 pontos, depois de ter ultrapassado a marca de 300 na terça-feira.

Neste contexto, as observações atribuídas ao comissário europeu do Orçamento Günther Oettinger sobre o fato de que os mercados poderiam "ensinar os italianos como votar", causou um alvoroço na península e fez com todos os altos funcionários da UE subissem o tom.

O comissário alemão pediu desculpas e o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, insistiu: "a Itália não pode depender das injunções que lhe possam ser impostas pelos mercados financeiros".

 

 

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