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Israel usou a fome contra Faixa de Gaza, dizem críticos

O Hamas afirmou nesta quarta-feira que o documento prova que Israel cometeu um "crime contra a humanidade" durante o cerco


	Menino na fronteira de Rafah, entre Egito e Gaza: passagem havia sido fechada por causa dos protestos
 (Said Khatib/AFP)

Menino na fronteira de Rafah, entre Egito e Gaza: passagem havia sido fechada por causa dos protestos (Said Khatib/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2012 às 21h37.

Jerusalém - As autoridades israelenses que bloquearam a Faixa de Gaza em 2008 chegaram ao ponto de calcular quantas calorias seriam necessárias para evitar um desastre humanitário no empobrecido território palestino, de acordo com um documento militar de Israel revelado recentemente. A informação ficou alguns anos em sigilo porque era considerada "classificada" (sigilosa). O Hamas afirmou nesta quarta-feira que o documento prova que Israel cometeu um "crime contra a humanidade" durante o cerco.

Os militares de Israel afirmam que as diretrizes nunca foram implementadas. Mas essa noção é rechaçada por críticos, os quais dizem que o documento é uma prova que Israel usou a fome como uma tática para pressionar o movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza - uma estratégia que fracassou.

Entre 2007 e 2010, Israel manteve um cerco muito estrito à Faixa de Gaza. Durante esse período, os militares israelenses limitaram a quantidade de alimentos que entrou no território palestino, uma faixa costeira semiárida na costa do Mediterrâneo e próxima ao deserto da Península do Sinai.


O documento é de janeiro de 2008. Nele, militares israelenses determinaram como seria possível garantir que cada habitante da Faixa de Gaza ingerisse 2.279 calorias por dia, uma quantidade em linha com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento até detalha que cada homem com uma idade entre 15 e 50 anos precisa comer pelo menos 316,05 gramas de carne por dia, enquanto cada mulher na mesma faixa etária precisa comer 190,47 gramas de farinha de trigo. A análise também inclui ajustes para levar em conta a possível produção das fazendas locais na Faixa de Gaza, bem como uma estimativa das importações necessárias para manter a população. Durante o cerco, a Faixa de Gaza também recebeu alimentos contrabandeados a partir do Egito, que chegavam por uma rede de túneis clandestinos. Esses alimentos, contudo, sempre chegaram com preços altos praticados pelo contrabando e eram inacessíveis a grande parte da população.

O porta-voz das Forças Armadas de Israel, o major Guy Inbar, disse que os cálculos não foram feitos para punir os habitantes da Faixa de Gaza. Ao contrário, ele disse que foram uma garantia para ajudar a identificar quais alimentos estariam em falta e evitar uma crise humanitária.

Já o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, disse que o documento prova que "o cerco à Faixa de Gaza foi planejado e o alvo não era o Hamas ou o governo, como a ocupação (Israel) sempre afirmou. O cerco tinha como objetivo todos os seres humanos. Esse documento deveria ser usado para julgar os crimes cometidos pela ocupação, foram crimes contra a humanidade cometidos em Gaza".

As informações são da Associated Press.

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