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Israel promete resposta 'dura' após ataque atribuído ao Hezbollah no Golã

Represália ao bombardeio atribuído ao Hezbollah, que nega, pretende ser significativa, mas sem escalar conflito, dizem fontes; alvo pode variar entre infraestrutura e depósitos de armas ou líderes do grupo

Guerra Israel-Hamas: conflito teve início em 7 de outubro de 2023 (AFP/AFP Photo)

Guerra Israel-Hamas: conflito teve início em 7 de outubro de 2023 (AFP/AFP Photo)

Agência o Globo
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Publicado em 29 de julho de 2024 às 14h33.

Última atualização em 29 de julho de 2024 às 15h16.

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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou nesta segunda-feira a cidade drusa de Majdal Shams, nas Colinas de Golã, onde um ataque no sábado atribuído ao Hezbollah matou 12 jovens. Durante a visita, Netanyahu prometeu uma resposta "dura" contra o movimento xiita libanês, que nega a autoria. O alvo já foi aprovado pelo Gabinete de Segurança no domingo, informou o site israelense Ynet, e o governo espera o momento certo para retaliar.

Enquanto isso, no Líbano, a instabilidade e a expectativa frente à represália levaram várias companhias aéreas a suspender os voos para o país, enquanto a Alemanha pediu que seus cidadãos no Líbano saíssem rapidamente.

A Lufthansa, juntamente com suas subsidiárias Swiss International e Eurowings, informou que irá interromper os serviços de Beirute até 6 de agosto, enquanto a Aegean Airlines da Grécia cancelou alguns voos. O Departamento de Estado americano disse no domingo, segundo o site Politico, que algumas companhias aéreas estavam "ajustando seus horários de voos no Líbano" ou "considerando alterações temporárias em seus planos de voo".

O governo israelense parece calcular uma resposta significativa, mas sem empurrar Israel e o Líbano para uma guerra, de acordo com fontes. Os próximos passos são acompanhados com atenção pela comunidade internacional, que tem multiplicado seus esforços diplomáticos para aliviar as tensões entre as partes e conter uma potencial (e desastrosa) escalada. Netanyahu disse nesta segunda-feira que Israel "não vai e não pode deixar isso passar". O premier foi recebido com protestos durante a visita, que ocorreu após o enterro da última vítima, Guevara Ibrahim, de 11 anos.

"Ficamos chocados até o âmago com essa terrível carnificina", disse o premier israelense. "Nossa resposta ainda virá, e será dura."

De acordo com duas fontes à agência de notícias Reuters, a resposta está sendo calculada para causar danos ao grupo libanês, mas sem arrastar as partes para uma guerra, que, segundo uma fonte diplomática israelense, "não é do nosso interesse neste momento". Já outras duas afirmaram que Israel estava se preparando para a possibilidade de alguns dias de combate (Israel e Hezbollah trocam ataques diários na fronteira norte israelense).

"Deve haver uma retaliação", disse Amos Yadlin, um general aposentado da força aérea e ex-chefe da inteligência militar. "Mas isso não significa que ela deva ocorrer no momento previsto. Não há nada de errado em manter o Hezbollah em estado de alerta por dias ou mesmo semanas."

Uma reportagem do jornal israelense Yedioth Ahronoth, citada pela Reuters, disse que os alvos poderiam variar: pode ser desde um ataque limitado à infraestrutura, o que incluiria pontes, usinas de energias e portos, até depósitos de armas ou comandantes do movimento xiita. Até agora, o Exército israelense não convocou reservistas extras ou colocou o norte do país em um estado de alerta máximo.

Israel e o Hezbollah, apoiado e financiado pelo Irã, trocam tiros quase todos os dias desde que a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza começou, após o ataque terrorista do grupo em 7 de outubro. O movimento libanês afirma que opera em solidariedade ao Hamas, também financiado por Teerã. Os atritos entre Israel e Hezbollah tinham como alvo principalmente locais militares, com o ataque de sábado sendo de longe o mais mortal contra civis ao sul da fronteira.

Nesta segunda, a imprensa israelense informou sobre dois ataque com drones israelenses no sul libanês: um deles teria ocorrido contra um veículo em Kounine, e outro contra uma motocicleta, no vilarejo de Kfar Remen. Este último, segundo o jornal Times of Israel, teria deixado pelo menos quatro feridos.

Enxurrada diplomática

A comunidade internacional, que teme uma escalada do conflito na região, tem empenhado esforços para acalmar os ânimos e chegar a uma resposta diplomática. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse que “estão em andamento conversas com os lados internacional, europeu e árabe para proteger o Líbano e afastar os perigos”. Já o ministro das Relações Exteriores do Abdallah Bou Habib afirmou que uma enxurrada de atividades diplomáticas procurou conter a resposta israelense prevista.

"Israel aumentará a escalada de forma limitada e o Hezbollah responderá de forma limitada... Essas são as garantias que recebemos", disse o chanceler libanês em uma entrevista à emissora local al-Jadeed, acrescentando que os EUA, a França e outros países estavam tentando conter a escalada.

A Casa Branca frisou nesta segunda-feira que não acredita que o ataque do movimento deva resultar em uma escalada, enquanto o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse estar "confiante" de que uma guerra mais ampla poderia ser evitada. Washington apoia Israel em sua acusação contra o Hezbollah, dizendo que há indícios de que o movimento xiita era o responsável. Ao mesmo tempo, pede calma. No domingo, o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que não há “justificativa para o terrorismo", mas acrescentou que “também não queremos ver o conflito escalar.”

O presidente da França, Emmanuel Macron, conversou com Netanyahu no domingo, informou a Presidência francesa. Nesta segunda-feira, durante uma ligação com o líder francês, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, moderado eleito em junho, disse que "qualquer ataque israelense ao Líbano terá consequências sérias", segundo a Reuters. O chanceler italiano, Antonio Tajani, também disse ter feito contato com Habib e o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmando-lhes que era "possível interromper a espiral de violência e que isso deve ser feito agora".

Acordo de cessar-fogo

Para além do temor de uma guerra ampliada, há sinais de que os cálculos do governo de Netanyahu querem permitir que as negociações para um cessar-fogo com o Hamas em Gaza avancem. O premier enviou o chefe do Mossad, a agência de inteligência externa de Israel, a Roma no domingo para falar com mediadores na guerra em Gaza, incluindo o Catar e os EUA.

O premier disse que “as negociações sobre as principais questões continuarão nos próximos dias”. O Hamas emitiu uma declaração nesta segunda acusando Netanyahu de protelar e estabelecer novas condições que chamou de "um passo atrás em relação ao que os mediadores relataram como o jornal israelense".

As negociações tropeçaram nas últimas semanas devido à exigência do grupo de que a guerra na Faixa de Gaza termine quando houver uma trégua. Israel alega que se o Hamas não se render, quer retomar ao conflito para garantir que o grupo apoiado pelo Irã seja destruído. Internamente, familiares de reféns e israelenses no geral exigem que a recuperação dos cativos remanescentes em Gaza seja a prioridade do governo, enquanto as Forças Armadas israelenses, que se apoiam fortemente em recrutas e reservistas, estão sobrecarregadas após quase dez meses de combates no enclave.

Netanyahu retornou de uma visita aos EUA no domingo, na qual tentou angariar apoio para o que Netanyahu, durante seu discurso no Congresso americano, descreveu como um confronto entre Israel e o Irã, incluindo suas milícias, como o Hezbollah e o Hamas. Tel Aviv e Teerã trocaram ataques direto em abril. O governo de Netanyahu respondeu a um ataque iraniano sem precedentes — quase todos os mísseis e drones foram interceptados e não causaram danos significativos — com um ataque aéreo limitado a uma base aérea iraniana após esforços do G7 para conter a resposta e evitar uma guerra.

Ameaça do Hezbollah

O Hezbollah alega que irá parar de atacar Israel caso haja um cessar-fogo em Gaza. No entanto, não disse que vai retirar os combatentes da sua fronteira sul (norte israelense). A retirada é uma das exigências de Netanyahu, que teme uma incursão do grupo no estilo de 7 de outubro. Israel diz que não pode se comprometer com inimigos que juraram destruí-lo.

O grupo libanês é muito mais forte do que o Hamas era antes de outubro, com mais caças, mísseis e drones à sua disposição. Um conflito total provavelmente seria devastador para o Líbano e Israel, alertaram autoridades de ambos os países. Cerca de 40 mil pessoas vivem no Golã ocupado por Israel. Mais da metade são drusos, um grupo árabe que pratica um ramo do islamismo.

As Colinas de Golã faziam parte da Síria até 1967, quando Israel capturou a maior parte da área na Guerra dos Seis Dias. A anexação de Israel na década de 1980 não foi reconhecida pela maioria dos países, e a Síria exige a devolução do território. Os EUA reconheceram a soberania israelense sobre a área sob a administração de Donald Trump em 2019.

O movimento xiita tem como alvo o norte de Israel e o Golã com mais de 6 mil foguetes e 300 drones desde outubro. Israel retaliou com ataques, principalmente no sul do Líbano.

Até sábado, cerca de 20 pessoas em Israel foram mortas por ataques do Hezbollah desde outubro, a maioria delas soldados. Mais de 300 pessoas morreram devido a ataques israelenses no Líbano, a maioria sendo membros do Hezbollah. Cerca de 80 mil pessoas no norte israelense e quase o mesmo número no sul do Líbano tiveram de deixar suas casas.

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