Repórter colaborador
Publicado em 6 de maio de 2024 às 06h19.
Última atualização em 6 de maio de 2024 às 08h06.
O exército de Israel ordenou nesta segunda-feira que dezenas de milhares de pessoas na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, começassem a deixar região, sinalizando que uma invasão terrestre há muito prometida pode acontecer em breve.
Segundo a Associated Press, a movimentação complica os esforços para um cessar-fogo. Hamas e Qatar alertaram que uma invasão a Rafah pode inviabilizar as conversas.
Instruídas por mensagens de texto em árabe, telefonemas e panfletos, algumas famílias palestinas já começaram a se deslocar para o que Israel chamou de "zona humanitária expandida".
Pouco depois do meio-dia em Gaza, várias explosões foram ouvidas ao leste de Rafah, disseram moradores e meios de comunicação do Hamas.
Um alto funcionário do Hamas disse que a ordem de evacuação era uma “escalada perigosa” que teria consequências.
“A administração dos EUA, juntamente com a ocupação israelense, são responsáveis por este terrorismo”, disse Sami Abu Zuhri, à Reuters, referindo-se à aliança de Israel com Washington.
Israel descreveu Rafah como "o último reduto significativo do Hamas" após sete meses de guerra, e os seus líderes disseram repetidamente que precisam realizar essa invasão terrestre para derrotar o grupo islâmico.O tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz do exército, disse que cerca de 100 mil pessoas estavam recebendo ordens para se deslocarem para uma zona humanitária chamada Muwasi. Shoshani falou que Israel estava preparando uma “operação de escopo limitado”.
A medida ocorre um dia depois de militantes do Hamas realizarem um ataque com foguetes na área de Rafah que matou três soldados israelenses.
Cerca de 1,4 milhão de palestinos – mais de metade da população de Gaza – estão encurralados em Rafah e nos seus arredores. A maioria fugiu de casa para escapar dos ataques de Israel e enfrenta agora o temor deu uma nova escalada no conflito.Autoridades israelenses apreenderam no domingo equipamentos da Al Jazeera após terem aprovado o fim das operações da rede de notícias do Qatar em solo judeu. Inspetores do Ministério das Comunicações, acompanhados pela polícia, chegaram aos escritórios da Al Jazeera em Jerusalém e confiscaram equipamentos. As transmissões da Al Jazeera e o acesso ao seu site já foram bloqueados em Israel.
A Al Jazeera denunciou a medida de Israel, chamando-a de “ato criminoso que viola os direitos humanos no acesso à informação”. A Associação para os Direitos Civis em Israel entrou com uma ação no Supremo Tribunal de Israel para reverter a proibição.
“Este é um dia sombrio para a mídia e um dia sombrio para a democracia”, disse a Associação de Imprensa Estrangeira de Israel em um comunicado. “Israel se junta a um clube de governos autoritários que proíbem a estação.”