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Israel não tem como destruir Hamas sem ocupar Gaza, avalia especialista militar

Para Seth Jones, israelenses precisam ter claro o que fazer depois de operação militar contra palestinos

Palestinos fogem com seus pertences da cidade de Gaza, em 11 de outubro de 2023
 (AFP/AFP)

Palestinos fogem com seus pertences da cidade de Gaza, em 11 de outubro de 2023 (AFP/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 13 de outubro de 2023 às 15h36.

Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 16h11.

O governo de Israel prometeu acabar com o Hamas, mas não tem como fazer isso sem ocupar a Faixa de Gaza de forma prolongada. E essa ocupação seria longa, cara e pode gerar muitas mortes, avalia Seth Jones, vice-presidente do CSIS, centro de estudos sobre segurança e relações internacionais com sede nos EUA.

"Israel tem agora o objetivo militar de destruir o Hamas, capturar suas lideranças e destruir suas armas e infraestrutura. Não acredito que Israel será capaz de destruir o Hamas por algumas razões. Não vejo outra opção viável para isso além de uma ocupação de Gaza. E isso certamente seria custoso", disse Jones, em conversa por telefone com jornalistas.

Jones, que também é diretor do programa de Segurança Internacional do CSIS, aponta que o Hamas está muito infiltrado entre os civis, o que dificulta em muito o trabalho de encontrar seus integrantes, e que Gaza é um ambiente urbano muito denso.

"Israel tem soldados com grande experiência em operações na Cisjordânia e no Líbano, mas em Gaza você enfrenta um stress extraordinário, com militantes e civis tentando te matar em um ambiente urbano apertado e denso. Você tem que tomar decisões muito rápidas com o dedo no gatilho, com informações incompletas, e isso vai levar a baixas civis", afirma.

Outro ponto é o que Israel fará depois de encerrar as ações militares para caçar membros do Hamas. "Como funcionará a questão de lei e ordem em Gaza? Claramente, os Israelenses não vão confiar no Hamas, na Jihad Islâmica ou em nenhum outro grupo local [para gerir o território]. A Autoridade Palestina tem quase zero legitimidade em Gaza e tem mostrado pouca competência para governar. Então isso levanta a possibilidade de alguma solução de ocupação temporária em Gaza [por Israel], com pontos de controle, monitoramento da população, batidas policiais e tentar construir uma fronteira muito mais robusta e minada entre Gaza e Israel", projeta.

A história da Faixa de Gaza

Faixa de Gaza tem este nome por ser, literalmente, uma faixa no mapa: tem 11 quilômetros de largura e 40 quilômetros de extensão e ocupa área de 360 km², equivalente a um quarto da cidade de São Paulo

A população de Gaza é estimada em 2,1 milhões de pessoas, segundo dados do CIA World Factbook, sendo que 98% são muçulmanos. A região tem muitos jovens: a idade média da população é de 18 anos, e quase 40% dos moradores tem até 14 anos.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel retomou a Faixa de Gaza do Egito, e ocupou a região militarmente até os anos 1990, quando iniciou uma transição de governo da região para a Autoridade Palestina. A retirada completa de tropas israelenses só foi concluída em 2005. Israel manteve forte controle das fronteiras, para impedir que palestinos acessem livremente seu território.

No entanto, em 2007, o grupo Hamas passou a controlar o governo na Faixa de Gaza, após ser bem votado nas eleições palestinas. Isso fez com que Israel, Estados Unidos e Europa adotassem sanções contra Gaza. O governo israelense, Israel adotou medidas duras contra a região como impedir a importação de combustível.

Nos anos seguintes, houve vários momentos de tensão, com troca de ataques de mísseis, entre Gaza e Israel. Em 2014, houve uma das maiores crises: depois que três adolescentes foram sequestrados, forças israelenses invadiram Gaza, em uma ofensiva que durou 50 dias. Mais de 5.000 locais em Gaza foram atacados. Novos embates ocorreram entre os dois lados nos anos seguintes.

Para entender entre conflito Israel e Hamas:

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