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Israel mantém plano de operação militar em Rafah apesar dos alertas internacionais

Em um comunicado conjunto, Austrália, Canadá e Nova Zelândia fizeram um apelo para que Israel "não siga este caminho"

Centenas de milhares de palestinos deslocados estão na cidade, a localidade mais ao sul da Faixa de Gaza (AFP/Reprodução)

Centenas de milhares de palestinos deslocados estão na cidade, a localidade mais ao sul da Faixa de Gaza (AFP/Reprodução)

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Agência de notícias

Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 08h27.

Os planos de Israel para iniciar uma grande operação militar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, receberam críticas internacionais devido às consequências "catastróficas" para os 1,5 milhão de palestinos bloqueados na cidade.

Em um comunicado conjunto, Austrália, Canadá e Nova Zelândia fizeram um apelo para que Israel "não siga este caminho". "Uma operação militar ampliada será devastadora", afirmaram os três países. "Os civis simplesmente não têm para onde ir", acrescenta a nota.

Centenas de milhares de palestinos deslocados estão na cidade, a localidade mais ao sul da Faixa de Gaza, onde buscaram refúgio em campos improvisados perto da fronteira com o Egito, atualmente fechada, para fugir da campanha militar israelense.

Apesar da pressão internacional, Israel insiste que entrar em Rafah é crucial para eliminar os batalhões do Hamas.

"Lutaremos até a vitória total, o que implica uma ação vigorosa em Rafah depois de permitirmos a saída da população civil das áreas de combate", afirmou na quarta-feira o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Ao mesmo tempo, os mediadores internacionais continuam negociando uma trégua na guerra que destruiu grandes áreas do território palestino e provocou o deslocamento da maior parte de sua população, que está à beira da fome, segundo a ONU.

No caso de uma operação militar em Rafah, o risco de atrocidades é "sério, real e elevado", alertou na quarta-feira Alice Wairimu, conselheira especial da ONU para a prevenção do genocídio.

Negociações difíceis

Os mediadores dos Estados Unidos, Catar e Egito, reunidos no Cairo, continuam em busca de um acordo para interromper os combates e libertar os quase 130 reféns que permanecem em Gaza, em troca da libertação de prisioneiros palestinos de penitenciárias israelenses.

Crianças caminham entre os escombros de mesquita destruída por bombardeio israelense em Rafah, em 14 de fevereiro de 2024

"Israel não recebeu, no Cairo, novas propostas do Hamas sobre a libertação dos nossos reféns", afirmou o gabinete de Netanyahu em um comunicado.

Segundo a imprensa israelense, a delegação do país recebeu ordens de não retornar à negociação até que o Hamas modifique sua postura.

"Insisto que o Hamas abandone suas demandas ilusórias e, quando abandonarem tais exigências, poderemos avançar", disse Netanyahu.

O diretor da CIA (serviço de inteligência dos Estados Unidos) se reuniu na terça-feira no Cairo com o diretor do Mossad israelense, enquanto uma delegação do Hamas se uniu às negociações na quarta-feira.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que governa a Cisjordânia ocupada, pediu ao Hamas que aceite "rapidamente" uma trégua.

O FBI (polícia federal americana) revelou que seu diretor, Christopher Wray, fez uma viagem não anunciada a Israel para uma reunião com as agências locais de segurança e inteligência.

Hospitais "cercados"

Apesar das negociações para uma trégua, Israel intensificou os bombardeios nesta quinta-feira. O Ministério da Saúde de Gaza, sob controle do Hamas, afirmou que 107 pessoas morreram nas últimas 24 horas.

Uma delas faleceu no departamento de ortopedia do Hospital Nasser, na cidade de Khan Yunis, onde várias pessoas ficaram feridas.

O hospital, o maior do sul da Faixa de Gaza, foi cenário de combates intensos nas últimas semanas.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) criticou a ordem israelense para a saída de milhares de pacientes, profissionais de saúde e deslocados do hospital. A MSF afirmou que seus funcionários continuam atendendo pacientes em "condições quase impossíveis".

O enfermeiro Mohamed Al Astal declarou à AFP que o hospital está cercado há um mês e não restam alimentos nem água potável.

"Durante a noite os tanques dispararam contra o hospital e os franco-atiradores nos tetos dos edifícios abriram fogo e mataram três deslocados", disse.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que teve acesso negado ao hospital e perdeu o contato com seus funcionários.

Rik Peeperkorn, da OMS, disse que os pacientes são submetidos com frequência a amputações de membros que poderiam ser evitadas em condições normais.

A guerra começou depois do ataque de 7 de outubro de milicianos do Hamas no sul de Israel, que deixou quase 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Os islamistas também sequestram quase 250 pessoas - 130 permanecem em cativeiro em Gaza.

Em represália, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e sua ofensiva militar deixou mais de 28.500 mortos em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde em Gaza.

Na fronteira entre Israel e Líbano a tensão prossegue e o Exército israelense anunciou que um de seus soldados morreu em um ataque de foguete lançado a partir do território libanês.

Fontes libanesas afirmaram que vários ataques de Israel deixaram nove mortos no país, incluindo sete civis.

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