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Israel mantém ofensiva terrestre e destrói túneis palestinos

Conselho de Segurança da ONU deve se reunir em caráter de emergência a partir das 19h00 GMT (16h00 de Brasília) para discutir a situação

Tanques israelenses a caminho da Faixa de Gaza. O número de deslocados palestinos quase dobrou nas últimas 24 horas, chegando a 40.000 pessoas (Menahem Kahana/AFP)

Tanques israelenses a caminho da Faixa de Gaza. O número de deslocados palestinos quase dobrou nas últimas 24 horas, chegando a 40.000 pessoas (Menahem Kahana/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2014 às 16h18.

Gaza - Os soldados israelenses, apoiados por tanques e pela aviação, começaram a destruir nesta sexta-feira os túneis utilizados pelo Hamas em Gaza, no segundo dia da ofensiva terrestre do Estado hebreu.

O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir em caráter de emergência a partir das 19h00 GMT (16h00 de Brasília) para discutir a situação, enquanto o presidente americano, Barack Obama, disse temer "pela perda de muitas vidas inocentes".

Cerca de 280 palestinos morreram e mais de 2.000 ficaram feridos desde o início da ofensiva de Israel, há 11 dias, contra a Faixa de Gaza com o objetivo de impedir os disparos de foguetes a partir do território. Do lado israelense, um soldado e um civil morreram.

Nesta sexta-feira, cinco palestinos morreram na Faixa de Gaza atingidos por disparos de tanques israelenses em incidentes separados, incluindo quatro crianças com idades entre dois e 13 anos, de acordo com os serviços de socorro.

Duas das vítimas eram irmãs, de quatro e sete anos, atingidas em um bombardeio em Shejaiyah, a leste da Cidade de Gaza, indicou o porta-voz

O número de deslocados quase dobrou nas últimas 24 horas, chegando a 40.000 pessoas, segundo a agência da ONU nesta área de 362 km2, onde vivem 1,8 milhão de pessoas em meio à miséria, submetidas ao bloqueio israelense há anos. O Programa Alimentar Mundial espera poder distribuir comida a 85.000 pessoas nos próximos dias.

Pelo menos 33 palestinos morreram nas últimas horas, principalmente no sul do território, em Khan Yunes e em Rafah, e no norte, perto da fronteira com Israel.

Quase 70% dos bairros de Gaza estão sem energia elétrica e as principais ONGs israelenses de defesa dos direitos humanos exigiram "corredores humanitários" para retirar os feridos e para que "médicos possam cumprir suas missões sem colocar suas vidas em risco".

Sem garantia de sucesso

A operação terrestre começou na quinta-feira à tarde, apesar dos apelos da comunidade internacional ao governo de Israel para que tentasse evitar vítimas civis. Até o momento, a infantaria atingiu "150 alvos" e destruiu 13 acessos às redes de túneis do Hamas.

O objetivo principal das tropas terrestres, que entraram por vários pontos na Faixa de Gaza - delimitada por Israel, Egito e pelo Mar Mediterrâneo - é destruir os túneis subterrâneos de contrabando construídos pelo Hamas, que controla o território. Por esses túneis, chegam aos militantes do movimento palestino mercadorias, dinheiro e armas.

A operação começou depois de uma breve trégua humanitária de cinco horas na quinta-feira.

O governo israelense ordenou na noite de quinta que o Exército iniciasse a operação terrestre, anunciou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

"O primeiro-ministro e o ministro da Defesa ordenaram na noite desta quinta-feira que o Exército iniciasse uma operação terrestre e penetrasse na Faixa de Gaza para destruir os túneis utilizados para atividades terroristas em Israel", indica o gabinete do primeiro-ministro em um comunicado.

"A decisão foi aprovada pelo gabinete de segurança devido à recusa do Hamas em aceitar o plano egípcio de um cessar-fogo e à manutenção dos disparos de foguetes contra Israel".

Logo depois do anúncio da invasão terrestre a Gaza, o Hamas advertiu que Israel vai pagar um "alto preço".

"O início da ofensiva terrestre israelense em Gaza é um passo perigoso, de consequências que não foram calculadas", afirmou o porta-voz do Hamas, Fawri Barhum, em um comunicado.

"Israel vai pagar um alto preço e o Hamas está preparado para o confronto", acrescentou.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, afirmou que a ofensiva provocará apenas "mais derramamento de sangue", complicando os esforços para acabar com o conflito na Faixa de Gaza.

De acordo com o líder do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, "o que o ocupante israelense não conseguiu realizar com seus ataques aéreos e navais não vai obter com sua ofensiva terrestre, que está fadada ao fracasso".

"Temos reivindicações claras: o fim da agressão e das punições coletivas contra nosso povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, e a suspensão total do cerco a Gaza", destacou Mechaal.

Reações internacionais

No exterior, o presidente americano, Barack Obama, principal aliado de Israel, disse a Netanyahu que "os Estados Unidos estão profundamente preocupados com o risco de uma escalada e com a perda de muitas vidas inocentes".

A União Europeia considerou urgente a instauração de um cessar-fogo o quanto antes.

Já o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lamentou a operação terrestre, enquanto a França manifestou preocupação, ressaltando que "é essencial proteger as populações civis e evitar novas vítimas".

O papa Francisco ligou nesta sexta-feira para o presidente israelense, Shimon Peres, e para o líder palestino, Mahmud Abbas, para manifestar sua "enorme preocupação" com o aumento da violência na Faixa de Gaza.

"Lamento o clima de hostilidade crescente, de ódio e sofrimento para os dois povos, que está gerando muitas vítimas e criando uma situação de emergência humanitária", disse o pontífice, que já se pronunciou diversas vezes a favor da paz entre israelenses e palestinos e viajou no fim de maio à região.

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