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Israel liberta 90 Palestinos após soltura de três reféns pelo Hamas

Cessar-fogo marca um momento de alívio na guerra de 15 meses entre Israel e Hamas, com libertação de reféns e prisioneiros

Conflito Israel-Hamas: deslocados retornam às suas casas em meio ao cessar-fogo (AFP)

Conflito Israel-Hamas: deslocados retornam às suas casas em meio ao cessar-fogo (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 10h39.

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Israel libertou 90 prisioneiros palestinos, nesta segunda-feira, 20, horas depois que três reféns israelenses foram libertadas pelo Hamas, com a entrada em vigor do cessar-fogo na devastadora guerra de 15 meses na Faixa de Gaza.

A trégua começou no domingo às 9h15, com quase três horas de atraso devido à demora do movimento islamista palestino em fornecer a lista das três reféns israelenses que seriam libertadas. O grupo atribuiu o atraso a “complicações no terreno e à continuação dos bombardeios” por parte de Israel.

Emily Damari, uma israelense-britânica de 28 anos; Romi Gonen, de 24 anos, e a israelense-romena Doron Steinbrecher, de 31 anos, “cruzaram a fronteira para território israelense”, confirmou o Exército de Israel após a entrada em vigor do cessar-fogo.

As três se encontram com quadro de saúde “estável”, informou um médico do hospital Sheba, em Ramat Gan, no centro de Israel, onde foram atendidas.

Libertação de prisioneiros palestinos

Horas depois, na madrugada de segunda-feira (hora local), a autoridade penitenciária israelense anunciou que 90 prisioneiros palestinos foram libertados da prisão militar de Ofer, na Cisjordânia ocupada, e de um centro de detenção em Jerusalém.

Multidões entoaram cânticos, tocaram buzinas e celebraram quando dois ônibus com os prisioneiros palestinos chegaram à cidade cisjordaniana de Beitunia. Algumas pessoas subiram nos ônibus e exibiram bandeiras de movimentos políticos palestinos, incluindo o Hamas.

Deslocamento em massa

O conflito deslocou a grande maioria dos 2,4 milhões de habitantes do território sitiado, agora em ruínas após 15 meses de confrontos e bombardeios intensificados pelo ataque do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.

Com a entrada em vigor da trégua, milhares de deslocados palestinos tomaram as estradas carregando seus pertences, na esperança de retornar para casa.

“Finalmente estamos em casa. Não sobrou nada da casa, só escombros, mas é nossa casa”, disse Rana Mohsen, de 43 anos, ao chegar em Jabalia.

O primeiro dia da trégua ocorre na véspera do retorno de Donald Trump à Casa Branca.

Termos do acordo e ajuda humanitária

O cessar-fogo foi alcançado após meses de intensas negociações mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos.

“Depois de tanta dor, morte e perdas de vidas, hoje as armas em Gaza estão em silêncio”, celebrou no domingo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em seu último dia de mandato.

Segundo o texto acordado, 33 reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 serão devolvidos na primeira fase de 42 dias da trégua. O pacto também estabelece que Israel liberte cerca de 1.900 prisioneiros palestinos de suas penitenciárias.

O acordo determina ainda que 236 prisioneiros palestinos, condenados à prisão perpétua por ataques que resultaram em mortes de cidadãos israelenses, sejam exilados, principalmente para Catar e Turquia.

Além da libertação de reféns, a primeira etapa do acordo inclui, segundo Biden, “um cessar-fogo total”, a retirada israelense de áreas densamente povoadas de Gaza e um aumento da ajuda humanitária.

Autoridades egípcias informaram que o acordo prevê “a entrada de 600 caminhões de ajuda por dia”, incluindo 50 de combustível. No domingo, 260 caminhões de ajuda e 16 de combustível entraram em Gaza.

Infraestrutura destruída e desafios futuros

A guerra devastou a infraestrutura de saúde da Faixa de Gaza. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou no domingo que precisará de “acesso sistemático” ao território para atender às necessidades da população.

“Reconstruir o sistema de saúde em Gaza será uma tarefa complexa e difícil, dada a magnitude da destruição e os desafios operacionais”, publicou no X o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.210 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo dados oficiais compilados pela AFP. Dos 251 reféns capturados, 91 continuam em Gaza e, destes, 34 teriam morrido, segundo o exército israelense.

Em resposta ao ataque, Israel lançou uma campanha aérea e terrestre na Faixa, matando ao menos 46.913 pessoas, principalmente civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

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