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Israel lembra 2 anos de ataque do Hamas enquanto negociações de paz avançam

Cerimônias em Tel Aviv e no sul de Israel marcam o segundo aniversário do ataque de 7 de outubro de 2023

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Agência de notícias

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 12h11.

Última atualização em 7 de outubro de 2025 às 12h14.

Israel recorda, nesta terça-feira, 7, o segundo aniversário do ataque do Hamas que desencadeou a guerra em Gaza em 7 de outubro de 2023, enquanto as negociações indiretas avançam no Egito para encerrar o conflito e libertar os reféns.

Exatamente dois anos atrás, no final do feriado judaico de Sucot, milicianos do movimento islamista lançaram o ataque mais mortal da história de Israel desde sua criação em 1948.

Protegidos por foguetes disparados da Faixa de Gaza, milhares de combatentes do Hamas e de outras organizações palestinas destruíram a barreira na fronteira com Israel e atacaram comunidades agrícolas, bases militares e um grande festival de música no deserto.

O ataque matou 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. O Hamas levou 251 reféns para Gaza, dos quais 47 permanecem em cativeiro, incluindo 25 que, segundo o Exército israelense, estão mortos.

Israel faz minuto de silêncio pelas vítimas

Às 6h29 locais (00h29 de Brasília) desta terça-feira, mesmo horário em que o Hamas lançou seu ataque em 2023, parentes dos mortos no festival fizeram um minuto de silêncio no local em homenagem às mais de 370 pessoas mortas, informou a AFP.

"Estou aqui para estar com ela, porque foi a última vez que ela esteve viva, aqui com seu noivo, Moshe", que também foi morto naquele dia, disse à AFP Orit Baron, 57 anos, mãe de Yuval Baron, uma das vítimas.

"É como se estivesse aqui comigo agora", disse ela, enquanto fogo de artilharia e explosões ecoavam da vizinha Gaza.

Outro momento importante acontecerá esta noite em Tel Aviv, onde uma cerimônia foi organizada pelas famílias das vítimas na Praça dos Reféns, o epicentro da mobilização pela libertação de todos os sequestrados pelo Hamas.

Hamas justifica ataque enquanto guerra continua

Enquanto negocia indiretamente com os israelenses no Egito para encontrar uma solução para o conflito, o Hamas justificou nesta terça-feira o massacre perpetrado em 7 de outubro de 2023.

"Foi uma resposta histórica às tentativas de erradicar a causa palestina", afirmou o membro do alto escalão do Hamas Fawzi Barhum, em uma declaração transmitida pela televisão.

A ofensiva de retaliação israelense em Gaza não cedeu e já provocou pelo menos 67.160 mortes, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Em Gaza, bairros inteiros foram arrasados, com casas, hospitais, escolas e redes de abastecimento de água em ruínas. Centenas de milhares de moradores estão abrigados em acampamentos superlotados e áreas abertas, com pouco acesso a alimentos, água ou saneamento.

"Perdemos tudo nesta guerra: nossas casas, nossos parentes, nossos amigos, nossos vizinhos", disse Hanan Mohammed, 36 anos, deslocada de sua casa em Jabalia. "Mal posso esperar que um cessar-fogo seja anunciado e que esse derramamento de sangue e morte sem fim acabe... Nada resta além de destruição", afirmou.

Pressão internacional e negociações no Egito

Após dois anos de conflito, 72% da população israelense está insatisfeita com a condução da guerra pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, segundo uma pesquisa recente.

Israel ampliou seu alcance militar ao longo da guerra, atacando alvos em outros países da região, incluindo Irã, Líbano, Síria e Iêmen, e matando várias figuras proeminentes do Hamas e o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, há pouco mais de um ano.

Israel e o Hamas enfrentam uma crescente pressão internacional para encerrar a guerra. No mês passado, um relatório de investigadores independentes da ONU indicou que Israel cometeu um “genocídio” em Gaza, enquanto grupos de direitos humanos acusam o Hamas de crimes de guerra em 7 de outubro. Ambos os lados rejeitam as acusações.

Na semana passada, o presidente americano Donald Trump revelou um plano de 20 pontos que inclui um cessar-fogo imediato assim que o Hamas libertar todos os reféns, o desarmamento do grupo e uma retirada israelense gradual de Gaza.

As negociações indiretas começaram na segunda-feira na cidade turística egípcia de Sharm el-Sheikh, sob forte esquema de segurança. Segundo duas fontes palestinas próximas à equipe de negociação do Hamas, as conversas foram "positivas" na noite de segunda-feira e serão retomadas ao meio-dia desta terça.

A delegação americana, liderada pelo enviado especial Steve Witkoff, se somará às conversas na quarta-feira.

O responsável do Hamas, Fawzi Barhum, disse que a delegação do movimento "tenta superar todos os obstáculos para alcançar um acordo que atenda às aspirações do nosso povo em Gaza".

"Acho que estamos indo muito bem e o Hamas está concordando com algumas coisas muito importantes... Acho que chegaremos a um acordo", disse Trump em uma entrevista transmitida pela televisão na segunda-feira.

O Catar, que atua como mediador, afirmou nesta terça-feira que Israel já deveria ter interrompido suas operações militares em Gaza. "Esperamos os resultados das negociações nos próximos dias sobre o cessar-fogo", declarou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Mayed al Ansari.

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