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Israel-Irã: autoridades militares israelenses confirmam contraofensiva ao país

Estados Unidos receberam aviso prévio do ataque de Israel ao Irã, mas não endossaram a operação

Irã: Israel conta-ataca (Sir Francis Canker Photography/Getty Images)

Irã: Israel conta-ataca (Sir Francis Canker Photography/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 19 de abril de 2024 às 06h58.

Última atualização em 19 de abril de 2024 às 06h58.

Seis dias após sofrer um ataque direto sem precedentes do Irã - que teve uma embaixada bombardeada por forças israelenses - Tel Aviv lançou uma contraofensiva ao país. A informação, inicialmente dada pela imprensa dos Estados Unidos, foi confirmada por duas autoridades militares israelenses, na madrugada desta sexta-feira, 19, segundo o jornal The New York Times.

Os funcionários falaram sob condição de anonimato, porque não estavam autorizados a discutir o assunto publicamente. Segundo a rede estatal iraniana, o sistema de defesa aéreo do Irã foi ativado em algumas províncias do país, com ao menos três explosões de origem desconhecida sendo reportadas no noroeste da cidade de Isfahã. Não há, contudo, confirmação oficial de nenhuma das partes sobre qualquer ataque.

Segundo o porta-voz da agência espacial iraniana, Hossein Dalirian, vários drones "foram abatidos com sucesso pela defesa aérea do país, e não há relatos de um ataque com mísseis por enquanto", postou no X (antigo Twitter).

De qualquer forma, a escala do ataque ainda não está clara. As autoridades iranianas disseram que os drones foram lançados possivelmente de dentro do Irã, e que seus sistemas de radar não detectaram aeronaves não identificadas entrando no espaço aéreo iraniano. E confirmaram que um grupo separado de pequenos drones foi abatido na região de Tabriz, cerca de 500 quilômetros ao norte de Isfahã.

Agências de notícias iranianas informaram que explosões foram ouvidas perto de ambas as cidades, acrescentando que instalações nucleares em Isfahã não foram atingidas.

Sites de rastreamento de voos mostraram que aviões civis chegaram a desviar suas rotas para longe da área, e veículos de notícias iranianos informaram que vários aeroportos haviam sido fechados. Mas em poucas horas a TV estatal iraniana transmitiu imagens da retomada da vida normal em Isfahã, e a agência de aviação do Irã disse que estava suspendendo as restrições de voo.

Fora do Irã, há outros relatos não confirmados até o momento sobre explosões perto das cidades de Daraa, na Síria, e em Bagdá, no Iraque, segundo o jornal americano The Hill.

Terceira cidade mais importante do Irã, Isfahã é estrategicamente importante para o país, abrigando vários locais importantes, incluindo centros de pesquisa e desenvolvimento militar e bases militares. De acordo com o jornal iraniano Tasnim, as instalações nucleares estão "completamente seguras", informaram citando uma "fonte confiável".

Máxima tensão

Os acontecimentos ocorrem num momento de máxima tensão no Oriente Médio, com receios de uma expansão regional da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, que já passa dos seis meses.

O governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu já havia afirmado que conduziria uma resposta militar ao Irã após os ataques realizados no fim de semana, quando o Irã lançou um ataque a Israel com mais de 300 drones e mísseis (quase todos interceptados no ar). O ataque lançado pelo Irã foi em retaliação após um um bombardeio atribuído a Israel ao complexo de sua embaixada na Síria, no início do mês. Na ocasião, pelo menos 16 pessoas morreram, incluindo sete membros da Guarda Revolucionária iraniana, entre os quais dois comandantes.

De acordo com a AFP, os Estados Unidos receberam aviso prévio do ataque de Israel ao Irã, mas não endossaram a operação nem tiveram qualquer participação em sua execução, informaram autoridades americanas citadas pela mídia do país.

As redes de televisão NBC e CNN, citando fontes familiarizadas com o assunto e um oficial americano, respectivamente, disseram que Israel havia fornecido a Washington um aviso prévio do ataque.

Sanções

O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, vinha pressionando Netanyahu a não retaliar para não arriscar a escalada de um conflito mais amplo na região. Por outro lado, os EUA anunciaram ontem a imposição de novas sanções contra o programa de drones do Irã com o objetivo de reduzir a capacidade do país de produzir os veículos não tripulados.

As sanções também tentarão impedir as exportações da indústria do aço do Irã, que geram bilhões de dólares ao país.

"Que fique claro para todos aqueles que permitem ou apoiam os ataques do Irã: os Estados Unidos estão comprometidos com a segurança de Israel. Estamos comprometidos com a segurança de nosso pessoal e dos nossos parceiros na região. E não hesitaremos em tomar todas as medidas necessárias para responsabilizá-los", declarou Biden no anúncio das sanções.

Em comunicado, o governo britânico indicou que vai sancionar "várias organizações militares, indivíduos e entidades envolvidas na indústria de drones e mísseis iranianos".

As sanções dos EUA visam a executivos de um fabricante de motores que fornece peças para a produção dos drones Shahad-131 do Irã, usados no ataque a Israel, além de empresas que prestam serviços para motores e de indivíduos associados ao fornecimento dos drones a grupos aliados a Teerã. Previamente ao anúncio americano e britânico, o bloco europeu afirmou em comunicado que "tomará medidas restritivas adicionais contra o Irã, especialmente em relação a veículos aéreos não tripulados e mísseis".

Não ficou claro, porém, como as medidas ocidentais poderão conter o país. Em outubro passado, o governo Biden anunciou sanções similares ao programa de drones iraniano, que autoridades disseram à época ter como objetivo frustrar a habilidade do país de produzir exatamente o tipo de armas usadas contra Israel.

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