Ataque derrubou uma casa de três andares onde estava a família al-Dalu e matou também dois vizinhos (Mohammed Salem/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 12h41.
Jerusalém - Os militares israelenses disseram nesta segunda-feira que ainda não podiam dar uma explicação sobre um ataque aéreo na Faixa de Gaza que matou 11 civis palestinos, incluindo nove membros de uma mesma família.
O ataque derrubou uma casa de três andares onde estava a família al-Dalu e matou também dois vizinhos. Foi o mais elevado número de mortos num único bombardeio desde o início da ofensiva de Israel na quarta-feira, com o objetivo declarado de pôr fim a anos de disparos esporádicos de foguetes dos palestinos contra o território israelense.
Um dia depois do ataque de domingo, cujas vítimas atravessam quatro gerações, ainda não ficou claro pelos comentários israelenses por que o prédio era um alvo.
Uma porta-voz militar disse à Reuters que as circunstâncias ainda estão sob investigação e ela não podia dar mais detalhes no momento.
Os jornais israelenses Haaretz e Maariv informaram que o Exército havia atirado na casa errada, enquanto o jornal local de maior tiragem, o Yedioth Ahronoth, afirmou que a casa da família al-Dalu era de fato o alvo e que abrigava um militante do Hamas.
Por volta da hora do ataque, os militares disseram ter atingido o comandante do Hamas das operações de lançamento de foguetes, identificando-o como Yihia Abayah.
Logo depois surgiu a informação de que uma família havia sido morta no bombardeio. Horas mais tarde, o chefe dos porta-vozes do Exército de Israel, Yoav Mordechai, disse na televisão que os militares tentaram atacar Abayah. "Embora eu não saiba o desfecho, houve civis afetados por isso." No entanto, ao redor da casa da família al-Dalu as pessoas dizem desconhecer Yihia Abayah.
Hatem al-Dalu, um parente da família, afirmou: "Nunca ouvi esse nome (Yihia Abayah). Isso é absurdo." Alguns órgãos da mídia israelense especularam que o alvo do ataque era outro militante, um engenheiro filiado ao Hamas que se pensava estar na casa.
Fontes em Gaza rejeitam essa teoria. Pessoas que conheciam a família disseram que o pai era dono de uma mercearia e não estava em casa quando foi atingida. Na segunda-feira, equipes de resgate continuavam a busca por outro filho e filha que poderiam estar sob os destroços.
O brigadeiro Asaf Agmon, comandante reformado da Força Aérea israelense, disse que erros trágicos podem acontecer se a informação da inteligência estiver errada ou se o aparelho erra o alvo.
Aviões não tripulados (drones) israelenses sobrevoam rotineiramente Gaza. Acredita-se de modo geral que os militares israelenses usam os celulares dos militantes para rastreá-los, bem como dicas de informantes no território.
"É longo o processo de aprovação de um alvo nesse tipo de operação", afirmou Agmon. Depois que o setor de inteligência passa uma informação sobre um alvo, "nós checamos se ele realmente tem sangue nas mãos e se ele pretende continuar com essa atividade." Pelo menos 90 palestinos foram mortos até agora na ofensiva israelense em Gaza, dos quais cerca de metade não eram combatentes e incluíam 22 crianças, disseram autoridades médicas.
Três civis israelenses foram mortos na quinta-feira por foguetes de palestinos.