Soldados israelenses em exercício militar, na fronteira da Faixa de Gaza: Os passageiros da "Flotilha da Liberdade III" afirmam que desejam chamar a atenção para o bloqueio terrestre, aéreo e marítimo imposto por Israel à Faixa de Gaza (Menahem Kahana/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2015 às 09h38.
A Marinha israelense interceptou nesta segunda-feira, sem recorrer à força, um barco de ativistas pró-Palestina que pretendia romper o bloqueio da Faixa de Gaza ao lado de outros três navios, que retornaram a seu porto de origem.
"Em cumprimento à legislação internacional, a Marinha israelense pediu ao navio em várias ocasiões que desviasse o rumo", afirma o exército em um comunicado.
"Diante da recusa, a Marinha interceptou o barco em águas internacionais para impedir seu plano de romper o bloqueio marítimo da Faixa de Gaza", completa a nota.
O barco era escoltado para o porto israelense de Ashdod, ao norte de Gaza, e deve chegar nas próximas 24 horas ao local.
Uma porta-voz militar confirmou à AFP que o navio é o sueco "Marianne de Göteborg", que integra "Flotilha da Liberdade III", um comboio de quatro embarcações com ativistas que desejam romper o bloqueio da Faixa de Gaza.
Entre os passageiros estavam o deputado árabe-israelense Bassel Ghattas e o ex-presidente tunisiano Moncef Marzouki, assim como deputados de países europeus e árabes.
O movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, denunciou um "ato de pirataria" de Israel e fez um apelo para que a comunidade internacional "saia do silêncio" ante a "violação do direito internacional".
Os outros três navios "mudaram de rumo e retornaram para seu porto de origem", afirma um comunicado divulgado pelos militantes a bordo do "Canadian Boat to Gaza".
"Esta flotilha nada mais é que uma demonstração da hipocrisia e das mentiras que apenas ajudam a organização Hamas e que ignora todos os horrores e, nossa região", afirma o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em um comunicado, no qual elogia o trabalho das forças de segurança de Israel.
Os passageiros da "Flotilha da Liberdade III" afirmam que desejam chamar a atenção para o bloqueio terrestre, aéreo e marítimo imposto por Israel à Faixa de Gaza desde o sequestro de um soldado em junho de 2006 pelo Hamas, medida que foi reforçada um ano mais tarde, quando o movimento islamita assumiu o poder no território palestino.
Antes do retorno, os passageiros dos outros barcos afirmaram em um comunicado que não renunciavam a seu "destino, a consciência da humanidade", ao mesmo tempo que pediram "mais uma vez ao governo de Israel que suspenda o bloqueio a Gaza".
Concretamente, o bloqueio marítimo significa que é impossível entrar nas águas de Gaza ou afastar-se mais de seis milhas náuticas das costas de Gaza, sob pena de provocar tiros da Marinha israelense, o que acontece com frequência com os pescadores palestinos.
O comboio pretendia aproveitar o atual contexto, no qual Israel enfrenta pedidos de boicote e pressões internacionais. Além disso, a ONU acusa o Estado hebreu, assim como os grupos armados palestinos, de possíveis crimes de guerra durante o conflito em Gaza no ano passado.
Antes da atual flotilha, outros militantes tentaram superar o bloqueio pelo Mediterrâneo.
Em 31 de maio de 2010, uma expedição acabou em um banho de sangue quando soldados israelenses atacaram seis navios civis em águas internacionais, entre eles o "Mavi Marmara", que transportava ajuda humanitária a Gaza. Dez turcos morreram na ação, o que provocou uma grave crise diplomática entre Israel e Turquia.