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Israel intensifica ofensiva em Gaza, onde a ONU alerta para 'fome e desesperança'

Os bombardeios de Israel deixaram ao menos dez mortos perto do hospital Al Amal Khan Yunis, cidade natal de Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza, segundo a organização Crescente Vermelho Palestino

A população de Gaza está em "grave perigo", advertiu na quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS) (MAHMUD HAMS /AFP)

A população de Gaza está em "grave perigo", advertiu na quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS) (MAHMUD HAMS /AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 28 de dezembro de 2023 às 16h48.

Última atualização em 28 de dezembro de 2023 às 17h07.

O Exército israelense não deu trégua, nesta quinta-feira, 28, em sua ofensiva implacável contra o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza, onde "a fome e a desesperança" se agravam, segundo a ONU, após mais de dois meses e meio de guerra.

O Exército de Israel informou ter mobilizado um batalhão adicional em Khan Yunis, cidade natal de Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza.

Além disso, correspondentes da AFP reportaram fortes bombardeios nesta cidade do sul do território palestino, onde está parte significativa do 1,9 milhão de residentes de Gaza deslocados pela guerra.

Os bombardeios deixaram ao menos dez mortos perto do hospital Al Amal nesta cidade, segundo a organização Crescente Vermelho Palestino. Cerca de 14 mil pessoas estão refugiadas na área.

O Ministério da Saúde do pequeno território, governado pelo Hamas desde 2007, anunciou nesta quinta-feira que 210 pessoas, "incluindo famílias inteiras", morreram nos bombardeios israelenses nas últimas 24 horas.

No total, 21,32 mil pessoas, a maioria delas mulheres e menores de idade, morreram em Gaza desde o início das operações militares israelenses, segundo a mesma fonte.

Israel prometeu manter sua ofensiva para destruir o Hamas em resposta ao ataque sangrento do grupo islamista em 7 de outubro, que deixou cerca de 1,14 mil mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais. O movimento palestino também capturou cerca de 250 reféns, 129 dos quais continuam cativos, segundo Israel.

O Ministério da Saúde de Gaza também informou sobre bombardeios com vítimas fatais em Nuseirat e Deir al Balah, no centro do território.

As Forças Armadas israelenses divulgaram imagens de soldados avançando nos túneis escavados, segundo elas, pela organização islamista perto do hospital pediátrico Al Rantisi, no oeste da Cidade de Gaza.

"Chega de guerra"

Desde que Israel impôs um cerco total a Gaza, em 9 de outubro, seus moradores sofrem com escassez de comida, água, combustível e medicamentos.

A população de Gaza está em "grave perigo", advertiu na quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A fome e a desesperança" se acentuam neste território, denunciou a agência sanitária da ONU.

Segundo as Nações Unidas, 85% dos habitantes foram deslocados pela guerra.

"Chega de guerra, chega de sofrer, chega de ter fome. Estamos cansados de tudo", declarou Ekhlas Shnenou em Rafah, no extremo sul da Faixa, para onde fugiu vindo da Cidade de Gaza, mais ao norte.

"Não há mais nenhum produto de primeira necessidade. É difícil fazer massa para o pão, lavar roupa, precisamos buscar água para beber e nos limpar. Estamos sofrendo", acrescentou.

No acampamento de Al Maghazi, alvo de um bombardeio no domingo que deixou pelo menos 80 mortos, o morador Waleed Mohamed Aeid expressou sua irritação.

"Disseram-nos que fôssemos para Rafah, mas não queremos. Por que? Para ir viver na rua lá? Todo o bairro foi evacuado. Bombardearam a escola, mas não fomos porque não temos para onde ir", disse.

A ajuda humanitária chega a conta-gotas a Gaza e Israel controla sua entrada.

O Ministério das Relações Exteriores israelense afirmou, nesta quinta-feira, que deu seu acordo preliminar ao Chipre para abrir um corredor marítimo entre a ilha mediterrânea e a Faixa.

"Há uma autorização inicial para utilizar esta rota, mas ainda restam alguns problemas logísticos a resolver", declarou à AFP o porta-voz do ministério, Lior Haiat.

"Morte a Israel, morte aos Estados Unidos"

A guerra aumentou o temor de uma conflagração regional, com trocas de tiros frequentes entre Israel e o Hezbollah na fronteira com o Líbano, e ataques de rebeldes huthis do Iêmen contra alvos no Mar Vermelho, em solidariedade ao Hamas.

Todos estes grupos são apoiados pelo Irã.

Um porta-voz militar israelense sugeriu uma possível "expansão dos combates no norte", na fronteira com o Líbano. Sirenes de alerta soaram várias vezes nesta quinta-feira no norte de Israel.

Na quarta-feira, a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã advertiu Israel que Teerã ou seus aliados tomarão uma "ação direta" para vingar a morte de seu comandante, Razi Moussavi, ocorrida na segunda-feira em um ataque com mísseis na Síria atribuído a Israel, reportou a agência de notícias Mehr.

Seu funeral foi celebrado nesta quinta em Teerã. Milhares de pessoas se reuniram na capital iraniana e gritaram "morte a Israel", "morte aos Estados Unidos".

A violência também explodiu na Cisjordânia ocupada, com mais de 315 palestinos mortos nas mãos de soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro, informou o Ministério da Saúde palestino.

Um palestino morreu na madrugada desta quinta durante uma incursão do Exército israelense em Ramallah. Na véspera outros seis palestinos perderam a vida em circunstâncias parecidas em outra localidade da Cisjordânia.

Outro palestino, de 38 anos, morreu à tarde vítima de disparos israelenses perto de Belém, anunciou o ministério.

As Nações Unidas pediram a Israel que "ponha fim aos homicídios ilegais" na Cisjordânia ocupada.

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