Palestinos distribuem alimentos em um centro da ONU em Gaza: a região é considerada um "território hostil" que enfrenta "severas restrições na esfera civil" (©AFP/File / Mohammed Abed)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2012 às 16h04.
Jerusalém - As autoridades israelenses fixaram um nível mínimo para o fornecimento cotidiano de calorias por habitante na Faixa de Gaza, com o objetivo de evitar que o bloqueio imposto ao território palestino provoque a desnutrição, segundo um relatório militar divulgado nesta quarta-feira.
O documento, com data de 2008, estabelece 2.279 calorias diárias por pessoa, um nível muito próximo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível teto para evitar a desnutrição dos habitantes de Gaza.
A publicação do relatório do gabinete do Coordenador das Atividades Governamentais nos Territórios Palestinos (Cogat) é o resultado de uma batalha jurídica da ONG israelense Gisha, que luta pela liberdade de movimento dos palestinos.
As regulamentações sobre a alimentação não estão mais em vigor desde que Israel - sob intensa pressão internacional desde o violento ataque de sua marinha em 31 de maio de 2010 em águas internacionais contra uma frota humanitária que seguia para Gaza - anunciou em 20 de junho de 2010 a suspensão das restrições à entrada de alimentos.
Os dados que aparecem no documento foram reunidos depois da decisão de 19 de setembro de 2007 do gabinete de segurança israelense de intensificar o bloqueio após o Hamas chegar ao poder em Gaza. Desde então, a região é considerada um "território hostil" que enfrenta "severas restrições na esfera civil".
O documento, ilustrado com quadros sobre o número de calorias necessárias em função da idade e do sexo, realizadas a partir de dados fornecidos por fontes dos serviços de segurança e do ministério da Saúde, considera que a entrada de 106 caminhões por dia útil é necessária para garantir o abastecimento de alimentos básicos, medicamentos, equipamentos médicos e produtos agrícolas.
Apesar da recomendação, Israel autorizou apenas a passagem de 67 caminhões na média durante o período, segundo a Gisha.
O Cogat afirma que o relatório foi apenas um projeto e que nunca foi aplicado.