Fumaça em local atacado em Teerã, na madrugada de 13 de junho (Sepah News/AFP)
Publicado em 12 de junho de 2025 às 21h24.
Última atualização em 13 de junho de 2025 às 06h29.
A Força Aérea de Israel lançou um grande ataque contra o Irã nas primeiras horas de sexta-feira, 13, na hora local (noite de quinta-feira no Brasil).
A ação procura atingir centrais de desenvolvimento nuclear do Irã, segundo o governo israelense. O ataque aumenta o risco de uma guerra no Oriente Médio, pois há grandes chances de que o Irã revide o ataque.
Imagens divulgadas por agências de notícias e pela imprensa do Irã mostraram várias áreas atacadas em Teerã e em seus arredores. Até a última atualização desta reportagem, não havia detalhes sobre número de mortos e feridos.
Segundo o jornal The New York Times, foram registrados ataques em ao menos seis cidades ou áreas diferentes do Irã.
Israel já bombardeou supostas instalações nucleares do Irã em outras ocasiões, mas este ataque tem proporções maiores e maior peso simbólico por atingir a capital, Teerã.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, fez um discurso na TV sobre o ataque. Ele disse que o objetivo da missão é "atacar a infraestrutura nuclear do Irã, suas fábricas de mísseis balísticos e suas capacidades militares".
Netanyahu disse ainda que a operação continuará enquanto for necessário e que o Irã teria enriquecido urânio suficiente para equipar nove bombas. Segundo ele, o país teria tido avanços sem precedentes nos últimos meses, e que teria fabricado ainda um estoque massivo de mísseis, capazes de atacar Israel.
"Não podemos deixar estas ameaças para a próxima geração, porque se não agirmos agora, não haverá próxima geração. Não simplesmente não vamos estar aqui", afirmou.
Os Estados Unidos buscaram ressaltar que não possuem envolvimento com a ação de Israel, que foi chamada de "unilateral" pelo Departamento de Estado.
"Nossa prioridade é proteger as tropas americanas na região. Israel nos avisou que eles acreditam que essa ação era necessária para sua auto-defesa", disse Marco Rubio, secretário de Estado, em um comunicado.
Na quarta-feira, 11, os Estados Unidos iniciaram uma retirada de pessoal das embaixadas no Oriente Médio, uma resposta direta ao receio de que o confronto entre Israel e o Irã resultasse em uma série de distúrbios mais amplos na região.
Em abril deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia se oposto a planos israelenses de bombardear instalações nucleares do Irã. Na época, Trump alertou que qualquer ação militar poderia prejudicar as negociações em andamento para um novo acordo nuclear entre as nações.
Os dois países vivem uma situação de tensão desde o fim dos anos 1970, quando revolucionários islâmicos tomaram o poder no Irã e acabaram com o regime anterior, que tinha apoio dos Estados Unidos.
O novo governo do Irã, chefiado por aiatolás, passou a apoiar grupos que lutavam contra Israel, como o Hezbollah, no Líbano, e depois o Hamas, na Faixa de Gaza, entre outros. Esses grupos defendem o fim de Israel, pois consideram que o país foi estabelecido em território que antes pertenciam aos palestinos.
Israel foi estabelecido no Oriente Médio em 1948, por decisão da ONU, que criou um Estado para os judeus em uma área antes sob controle do Reino Unido.
A resolução da ONU também previa um Estado para os palestinos, mas houve um conflito entre os dois lados logo na implantação de Israel. Os dois lados discordaram da divisão que foi feita, e os israelenses acabaram conquistando mais territórios.
Nas décadas seguintes, houve vários outros confrontos entre israelenses e palestinos, sendo que o mais recente deles começou em outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram Israel e mataram mais de mil pessoas. Em seguida, forças militares invadiram a faixa de Gaza, em uma operação que destruiu mais de 70% das construções da área e bloqueou o acesso à comida. A ação segue em andamento.
Em 2024, Israel fez uma grande ação para matar líderes do Hezbollah, usado pagers explosivos. Em resposta, o Irã atacou Israel com uma série de mísseis, mas praticamente todos foram barrados pela defesa aérea israelense, equipada com um sistema chamado de Domo de Ouro.
Israel e os EUA acusam o Irã de buscar uma bomba atômica. O país diz que pesquisa energia nuclear para fins pacíficos. Uma das principais diferenças entre os dois usos é o nível de enriquecimento. Reatores em usinas usam urânio enriquecido a até 5%. Para uma bomba, é preciso chegar a 90%.
Em 2015, o Irã fechou um acordo com os Estados Unidos e outros países europeus para limitar seu programa nuclear em troca do alívio de sanções econômicas.
No entanto, em seu primeiro mandato, em 2018, o presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo, porque o Irã estaria descumprindo os termos, o que inviabilizou o tratado. Desde então, tenta-se negociar um novo acordo, mas sem sucesso.