Palestinos mortadores de Deir Qadis, na Cisjordânia, protestam contra assentamento judeu em 29 de junho (Abbas Momani/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2012 às 11h16.
Jerusalém - Os chefes das delegações europeias em Ramala e Jerusalém advertiram Bruxelas de que está se fechando rapidamente a possibilidade de uma solução de dois Estados ao conflito entre israelenses e palestinos, devido à progressiva apropriação da Área C da Cisjordânia por Israel.
Em um documento interno elaborado pelos cônsules e diplomatas europeus ao qual a Agência Efe teve acesso, são sugeridas diversas medidas para que a União Europeia (UE) 'apoie os esforços de construção estatal palestina' nessa área, que compreende 62% do território palestino ocupado da Cisjordânia e que os israelenses 'estão progressivamente integrando a Israel'.
O relatório, elaborado em julho e apresentado em Bruxelas em dezembro, aponta que através de medidas administrativas e de planejamento urbano Israel 'mina a presença palestina na Área C', uma tendência que 'piorou no último ano e que, se não for interrompida e corrigida, tornará mais remoto do que nunca o estabelecimento de um Estado palestino viável nas fronteiras anteriores a 1967'.
Para isso, propõe estimular Israel a mudar sua política e ajudar a reduzir a vulnerabilidade da terra e da população, oferecer uma melhor coordenação do acesso a necessidades básicas, promover o desenvolvimento econômico e melhorar a ação humanitária e de desenvolvimento na Área C.
Os acordos de paz de Oslo (1993) dividiram a Cisjordânia em três zonas: a C, na que Israel exerce absoluto controle administrativo e de segurança; a B, que compõe 20% do território cisjordaniano e na qual o Estado judeu tem o controle da segurança, e A (18% do território), governada pelos palestinos.
A Área C é o único território contínuo e comunica as localidades isoladas das zonas A e B, nas quais residem 96% da população, motivo pelo qual sem ela os palestinos nunca teriam um Estado geograficamente viável e se veriam reclusos em uma série de pontos isolados.
O relatório europeu descreve em detalhes como Israel comete múltiplas violações da legislação internacional nessa área, entre elas a expulsão forçada dos palestinos, a demolição de suas casas e edifícios públicos, a proibição da construção e a restrição de seu acesso a grandes áreas.
O Exército israelense também impede o desenvolvimento de infraestruturas necessárias para o desenvolvimento e incentiva e financia o estabelecimento de colonos na região, que cada vez são mais violentos e perpetram mais ataques contra a população local, segundo o documento.
Para contornar a situação, os diplomatas europeus pedem que 'se persiga em nível político' a reclassificação de partes da Área C como A e B.
Também demandam que sejam realizadas ações como 'pedir uma cessação imediata das demolições até que os palestinos tenham acesso a um planejamento justo e não discriminatório', além de 'apoiar a presença palestina oferecendo acesso à água potável, alimentos e apoio psicossocial'.