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Israel e Irã estão em guerra? Entenda a crise entre os dois países

Israelenses atacam instalações militares do Irã e querem acabar com programa nuclear iraniano

Judeu ortodoxo em local atingido por míssil em Moshav Zavdiel, Israel, nesta segunda-feira, 16 (Gil Cohen-Magen/AFP)

Judeu ortodoxo em local atingido por míssil em Moshav Zavdiel, Israel, nesta segunda-feira, 16 (Gil Cohen-Magen/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 16 de junho de 2025 às 10h01.

Última atualização em 16 de junho de 2025 às 16h11.

Desde sexta-feira, 13, Israel e Irã vivem um conflito armado direto. Cidades como Tel Aviv, Jerusalém e Teerã foram atacadas e ao menos 240 pessoas morreram, dos dois lados, nos quatro primeiros dias de conflito, com muito mais baixas do lado iraniano.

A crise começou depois que Israel decidiu atacar o Irã, na sexta, e bombardeou instalações militares, além de locais onde estavam autoridades e cientistas.

Em seguida, o Irã revidou e disparou mísseis contra cidades israelenses. Os dois movimentos se repetem desde então, sem um cessar-fogo à vista.

Diferença entre conflito e guerra

A situação atual da crise entre os dois países é a de conflito armado, quando dois lados trocam ataques, mas sem se engajarem em uma guerra total.

Uma guerra completa inclui uma mobilização nacional, o envio de milhares de soldados e, geralmente, a tomada do território do outro país e a derrubada de seu governo.

É o que ocorreu na Ucrânia: em 2022, a Rússia enviou dezenas de milhares de soldados para invadir o país vizinho, que teve de organizar sua defesa, inclusive forçando todos os homens em idade adulta a se alistarem.

No caso de Israel, o governo de Benjamim Netanyahu disse que planeja destruir a capacidade nuclear do país, mas não falou em dominar o território iraniano. No entanto, a força aérea de Israel invadiu o Irã para fazer um ataque, o que é proibido pelas leis internacionais.

Netanyahu disse que uma queda do atual governo iraniano "poderia certamente ser o resultado, porque o regime do Irã está muito fraco".

"Faremos tudo que for necessário para atingir nosso duplo objetivo, que é remover duas ameaças existenciais, a nuclear e a de mísseis balísticos", disse o premiê, em entrevista no domingo, 15.

Relembre história do conflito entre Israel e Irã

Os dois países vivem uma situação de tensão desde o fim dos anos 1970, quando revolucionários islâmicos tomaram o poder no Irã e acabaram com o regime anterior, que tinha apoio dos Estados Unidos.

O novo governo do Irã, chefiado por aiatolás, passou a apoiar grupos que lutavam contra Israel, como o Hezbollah, no Líbano, e depois o Hamas, na Faixa de Gaza, entre outros. Esses grupos defendem o fim de Israel, pois consideram que o país foi estabelecido em território que antes pertenciam aos palestinos.

Israel foi estabelecido no Oriente Médio em 1948, por decisão da ONU, que criou um Estado para os judeus em uma área antes sob controle do Reino Unido.

A resolução da ONU também previa um Estado para os palestinos, mas houve um conflito entre os dois lados logo na implantação de Israel. Os dois lados discordaram da divisão que foi feita, e os israelenses acabaram conquistando mais territórios.

Nas décadas seguintes, houve vários outros confrontos entre israelenses e palestinos, sendo que o mais recente deles começou em outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram Israel e mataram mais de mil pessoas. Em seguida, forças militares invadiram a faixa de Gaza, em uma operação que destruiu mais de 70% das construções da área e bloqueou o acesso à comida. A ação segue em andamento.

Em 2024, Israel fez uma grande ação para matar líderes do Hezbollah, usado pagers explosivos. Em resposta, o Irã atacou Israel com uma série de mísseis, mas praticamente todos foram barrados pela defesa aérea israelense, equipada com um sistema chamado de Domo de Ouro.

Entenda a questão nuclear do Irã

Israel e os EUA acusam o Irã de buscar uma bomba atômica. O país diz que pesquisa energia nuclear para fins pacíficos. Uma das principais diferenças entre os dois usos é o nível de enriquecimento. Reatores em usinas usam urânio enriquecido a até 5%. Para uma bomba, é preciso chegar a 90%.

Em 2015, o Irã fechou um acordo com os Estados Unidos e outros países europeus para limitar seu programa nuclear em troca do alívio de sanções econômicas.

No entanto, em seu primeiro mandato, em 2018, o presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo, porque o Irã estaria descumprindo os termos, o que inviabilizou o tratado. Desde então, tenta-se negociar um novo acordo, mas sem sucesso.

Possuir uma bomba atômica é uma forma de dissuadir outros países de atacar, assim como aumentar o respeito internacional de quem as possui.

A obtenção desta tecnologia, no entanto, é restringida por tratados internacionais, por causa de seu alto poder destrutivo. As bombas nucleares são as armas explosivas mais fortes já inventadas pela humanidade. Elas são capazes de destruir cidades inteiras e matar milhares de pessoas de uma vez, dado seu alto poder de explosão.

Estas bombas foram usadas apenas duas vezes na história, contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Nos anos seguintes, foram criados tratados para impedir a proliferação dessas armas, e países que descumprem as regras sofrem punições internacionais, como sanções. Mesmo assim, países como Índia e Paquistão obtiveram bombas nucleares.

Atualmente, nove países são reconhecidos por possuírem armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. O Brasil não possui armas nucleares.

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