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Israel e Hamas trocam acusações sobre violação do cessar-fogo em Gaza

Escalada de tensão no sul do território palestino ameaça trégua mediada por Donald Trump; ONU alerta para crise humanitária “monumental”

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 19 de outubro de 2025 às 12h33.

Última atualização em 19 de outubro de 2025 às 12h38.

Israel e o Hamas trocaram acusações neste domingo, 19, sobre a violação do cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde o aumento da violência no sul do território palestino ameaça a trégua em vigor há nove dias.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciou uma “violação do cessar-fogo” e ordenou ao Exército agir “com força” contra alvos classificados como “terroristas”.

Por outro lado, o Hamas afirmou continuar comprometido com a trégua, mas alertou que o agravamento da tensão pode “prejudicar as operações de busca e recuperação dos corpos” de reféns israelenses.

O grupo islamista anunciou pouco depois que encontrou o corpo de mais um refém, que será devolvido nas próximas horas.

Tensão após nove dias de trégua

Sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o cessar-fogo entrou em vigor em 10 de outubro, encerrando temporariamente uma guerra de dois anos iniciada com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

Na primeira fase do acordo, o Hamas libertou os 20 reféns israelenses vivos que ainda estavam em Gaza, em troca de quase 2.000 prisioneiros palestinos, e iniciou a devolução dos corpos dos sequestrados mortos em cativeiro.

Segundo o Exército israelense, “terroristas lançaram mísseis antitanque e abriram fogo contra as forças Tsahal (as tropas israelenses), que atuavam para destruir infraestruturas terroristas na zona de Rafah, segundo as condições do acordo”.

“Para neutralizar a ameaça, Israel efetuou ataques aéreos e disparos de artilharia na zona de Rafah”, afirmou o comunicado militar, classificando o episódio como uma “violação flagrante do cessar-fogo”.

Testemunhas e confrontos

Uma testemunha palestina relatou à AFP que aviões de combate israelenses realizaram dois ataques na região de Rafah, em uma área sob controle militar de Israel. Não há informações sobre vítimas.

Outra testemunha descreveu “confrontos” entre membros do Hamas e outro grupo armado palestino, também em uma área controlada por Israel. “Foram surpreendidos pela presença de tanques do Exército. Parece que houve algum tipo de confronto”, disse.

O braço armado do Hamas declarou “não ter conhecimento de incidentes” e acusou Israel de “violar o acordo”. “É a ocupação sionista que segue violando o cessar-fogo”, afirmou Izzat al-Rishq, membro do gabinete político do grupo.

Enquanto isso, ministros do governo israelense reagiram. O titular das Finanças, Bezalel Smotrich, escreveu apenas “Guerra!” na rede X. Já o ministro da Defesa, Israel Katz, prometeu que o Hamas “pagará um preço elevado por cada disparo e cada violação”.

Pressão internacional e ajuda humanitária

Israel afirmou neste domingo que não fará “nenhuma concessão” e que a reabertura da passagem de Rafah, entre Gaza e o Egito, está condicionada à devolução de todos os reféns mortos.

O Hamas respondeu que o fechamento da fronteira impede a entrada de equipamentos necessários para encontrar corpos sob os escombros.

As Nações Unidas e agências humanitárias pedem com urgência a reabertura de Rafah para a entrada de suprimentos. O diretor de operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher, afirmou no sábado que a comunidade internacional enfrentará uma tarefa “monumental” para reconstruir o território.

O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, visitará a região na próxima semana para supervisionar a implementação do cessar-fogo.

Guerra e perdas humanas

O ataque de 7 de outubro de 2023 matou 1.221 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo dados oficiais compilados pela AFP. A ofensiva israelense deixou mais de 67.900 mortos em Gaza, também em sua maioria civis, conforme números do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

As autoridades locais estimam que quase 10.000 corpos ainda estejam soterrados sob os escombros.

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