Foguetes disparados da cidade de Gaza em direção a Israel em 7 de outubro de 2023 (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 7 de outubro de 2023 às 10h27.
Israel e Gaza entraram novamente em guerra neste sábado (7), após o lançamento de uma ofensiva surpresa do grupo islâmico palestino Hamas, que disparou milhares de foguetes e infiltrou combatentes por terra, mar e ar, com um saldo de mais de 20 mortos.
"Estamos em guerra", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que ordenou uma "ampla mobilização de reservistas".
"O inimigo pagará um preço sem precedentes", prometeu o presidente em uma mensagem de vídeo, na qual reconheceu que o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, lançou "um ataque criminoso surpresa".
O aumento da violência começou com uma onda de foguetes lançada de vários pontos da Faixa de Gaza a partir das 6h30 (00h30 no horário de Brasília) deste sábado. O braço armado do Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque e afirmou que milhares de projéteis foram lançados.
As forças israelenses responderam com ataques aéreos contra alvos do Hamas em Gaza, e garantiram que também lutavam em solo israelense, perto do enclave palestino, contra milicianos infiltrados de Gaza por terra, mar e ar.
"Houve um ataque combinado com a ajuda de parapentes", disse o porta-voz do Exército israelense, tenente-coronel Richard Hecht, aos repórteres, alertando que "algo grande" estava acontecendo.
O serviço de emergência israelense, Magen David Adom, equivalente à Cruz Vermelha, relatou 22 mortes por disparos em Israel durante confrontos com milícias palestinas, além de "centenas de feridos".
Entre os mortos está o presidente do conselho regional das localidades israelenses fronteiriças com o nordeste da Faixa de Gaza, morto em um tiroteio com os milicianos palestinos.
O braço armado do Hamas também divulgou um vídeo que mostra três homens, vestidos como civis, que teriam sido capturados por seus combatentes.
As forças armadas israelenses informaram o acionamento de sirenes no sul do país, enquanto a polícia pedia à população que permanecesse perto de abrigos antibombas.Sirenes também foram ativadas em Jerusalém, segundo jornalistas da AFP.
O braço armado do Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque com foguetes e afirmou que mais de 5.000 foguetes foram lançados.
"Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação (israelense); o seu tempo de violência sem responsabilização acabou", declarou o grupo. "Anunciamos a operação Dilúvio Al Aqsa e disparamos, no primeiro ataque de 20 minutos, mais de 5.000 foguetes".
O Exército israelense informou o disparo de pelo menos 2.200 foguetes de Gaza até as 10h30, horário local (04h30 em Brasília).
Centenas de palestinos na Faixa de Gaza abandonaram as suas casas para se afastarem das zonas fronteiriças com Israel.
Homens, mulheres e crianças fugiram com cobertores e alimentos, a maioria deles da parte nordeste do enclave palestino, confirmou um jornalista da AFP.
A escalada da violência provocou inúmeras reações internacionais.
A Rússia pediu um cessar-fogo "imediato", após dizer que entrou em contato "com todo mundo (...), os israelenses, o palestinos e os árabes".
Os Estados Unidos condenaram "inequivocamente" o ataque de "terroristas do Hamas" contra Israel, informou a Casa Branca em comunicado, ressaltando que apoiam "firmemente o governo e o povo de Israel".
A União Europeia também condenou os ataques "dos terroristas do Hamas" e manifestou a sua "solidariedade com Israel", que tem o "direito de se defender", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
França, Reino Unido, Alemanha e Espanha condenaram os ataques do Hamas e tanto a Itália como a Ucrânia apoiaram o direito de Israel se defender. A Índia expressou sua "solidariedade" ao Estado hebreu.
O Hamas recebeu elogios de dois inimigos jurados de Israel na região: o movimento xiita libanês Hezbollah e o Irã, por meio de um conselheiro militar do líder supremo.
Israel mantém um duro bloqueio contra a Faixa de Gaza, um território palestino empobrecido e sobrepovoado, desde que o Hamas assumiu o poder total em 2007.
Desde então, houve várias guerras devastadoras entre combatentes palestinos e forças israelenses. Os dois lados viveram tensões em setembro, quando Israel fechou a fronteira aos trabalhadores palestinos durante duas semanas.
O fechamento da fronteira foi criticado como uma punição coletiva que prejudicou milhares de trabalhadores palestinos, que podem ganhar mais dinheiro trabalhando em Israel do que em Gaza, onde o desemprego é muito alto.
A reabertura da fronteira aumentou as esperanças de uma melhoria na situação em Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas.
Em maio, uma troca de bombardeios aéreos e foguetes israelenses a partir de Gaza deixou 34 palestinos e um israelense mortos.