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Israel diz ter interceptado míssil em Tel Aviv e anuncia morte de líder do Hezbollah

Força aérea israelense alega ter eliminado Ibrahim Kobeissi, líder da divisão de mísseis do grupo, em ataque em Beirute

De acordo com autoridades libanesas, seis pessoas morreram e 15 ficaram feridas na ofensiva. (Hasan FNEICH / AFP/AFP)

De acordo com autoridades libanesas, seis pessoas morreram e 15 ficaram feridas na ofensiva. (Hasan FNEICH / AFP/AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 25 de setembro de 2024 às 06h57.

Última atualização em 25 de setembro de 2024 às 07h51.

Israel afirmou ter realizado um ataque aéreo em Beirute que resultou na morte de Ibrahim Kobeissi, líder da divisão de mísseis do Hezbollah. O grupo, apoiado pelo Irã, ainda não se manifestou oficialmente sobre a morte do comandante. De acordo com autoridades libanesas, seis pessoas morreram e 15 ficaram feridas na ofensiva. As informações são da Bloomberg e do Financial Times.

Kobeissi era apontado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) como um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento do arsenal de mísseis do Hezbollah, além de ter ligações com lideranças militares da organização. O ataque ocorre em meio a uma série de operações israelenses contra líderes do grupo armado, intensificadas nos últimos dias.

No sábado anterior, 21, outro ataque israelense em Beirute resultou na morte de Ibrahim Aqil, comandante das operações especiais do Hezbollah, junto com outros 15 combatentes do grupo, incluindo membros da elite conhecida como Força Radwan.

Míssil em direção a Tel Aviv

O Hezbollah lançou um míssil em direção a Tel Aviv a partir do Líbano nesta quarta-feira, 25, mas o ataque foi interceptado por Israel. Esse foi o primeiro projétil disparado pelo grupo em direção à cidade e visava o quartel-general da Mossad, agência de inteligência externa de Israel, localizado nos arredores da capital comercial. Nesta quarta-feira, 25, sirenes de alerta aéreo foram ativadas em Tel Aviv enquanto o míssil sobrevoava áreas centrais do país, marcando uma escalada no confronto entre Israel e Hezbollah, a mais intensa em cerca de 20 anos.

Na terça-feira, 24, o Hezbollah disparou cerca de 300 foguetes contra o norte de Israel, segundo informações do exército israelense. A companhia Israel Electric, maior fornecedora de energia do país, relatou que uma instalação "estratégica" foi alvo dos ataques, mas sem sofrer danos. O local exato da instalação não foi divulgado.

Israel afirmou que seus ataques ao Líbano têm como alvo posições do Hezbollah e visam afastar os combatentes do grupo da área de fronteira entre os dois países. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que viajará a Nova York para discursar na ONU ainda esta semana, busca permitir que dezenas de milhares de israelenses deslocados retornem para suas casas no norte do país. Um número semelhante de pessoas também foi forçado a deixar o sul do Líbano devido ao conflito.

Netanyahu e seus generais parecem acreditar que podem forçar o Hezbollah a recuar por meio de uma campanha aérea, evitando o envio de tropas terrestres para o sul do Líbano. Tal ação, caso fosse realizada, resultaria em grandes custos humanos e econômicos tanto para Israel quanto para o Líbano.

Ofensiva israelense

Os ataques aéreos de Israel contra o Hezbollah têm se concentrado principalmente no sul e leste do Líbano, regiões onde o grupo mantém uma presença significativa. Segundo o exército israelense, 3.000 alvos do Hezbollah foram atingidos nos últimos dois dias de bombardeios. O governo libanês informou que 558 pessoas morreram desde o início dos ataques, incluindo mulheres e crianças, além de quase 2.000 feridos.

Israel justificou as operações como uma medida necessária para desmantelar o arsenal militar do Hezbollah e reduzir as ameaças contra suas fronteiras ao norte. O chefe das Forças Armadas de Israel, Herzi Halevi, declarou que a ofensiva não dará "pausa" ao Hezbollah e prometeu intensificar as operações militares.

Reações internacionais

A crescente tensão na região tem gerado preocupação internacional. Na Assembleia Geral da ONU, líderes mundiais pediram uma trégua e alertaram que o conflito corre o risco de se transformar em uma guerra regional de maiores proporções. Os ministros das Relações Exteriores do G7 também emitiram um comunicado pedindo o fim da escalada militar.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a diplomacia é a única solução para as tensões entre Israel e Hezbollah. "Uma guerra em grande escala não é do interesse de ninguém", disse Biden em discurso na ONU, reiterando que um acordo diplomático ainda é possível.

Biden também fez um apelo para que as hostilidades entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, sejam interrompidas, destacando a necessidade de um cessar-fogo urgente na região.

Líbano pede intervenção dos EUA

O Líbano, por sua vez, pediu ajuda aos Estados Unidos para mediar o conflito com Israel e o Hezbollah. O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, declarou que os EUA são "a chave" para uma solução pacífica, embora tenha expressado desapontamento com o discurso de Biden na ONU, afirmando que a fala do presidente não foi suficiente para resolver a situação.

Segundo Habib, o Líbano não conseguirá resolver o conflito sozinho e dependerá de uma intervenção americana. Ele enfatizou que negociações são essenciais e que Israel não atingirá seus objetivos na região apenas por meio de ações militares.

Apesar do aumento das tensões, a comunidade internacional continua a pressionar por uma solução pacífica, evitando que o conflito se expanda ainda mais na região.

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