Mundo

Israel construirá casas em colônias mas tranquiliza EUA

Os Estados Unidos buscam reativar as negociações com os palestinos, congeladas desde setembro de 2010


	Ex-ministra Tzipi Livni: "Nos ouviram, entenderam e não reagiram", afirmou Livni sobre a reação dos EUA frente a construção de novas casas na colônia.
 (AFP / Uriel Sinai)

Ex-ministra Tzipi Livni: "Nos ouviram, entenderam e não reagiram", afirmou Livni sobre a reação dos EUA frente a construção de novas casas na colônia. (AFP / Uriel Sinai)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2013 às 13h08.

Jerusalém - Israel aprovou nesta quinta-feira a construção de 296 casas no assentamento de Beit El, na Cisjordânia, ao mesmo tempo em que tentou tranquilizar o governo dos Estados Unidos, que busca reativar as negociações com os palestinos, congeladas desde setembro de 2010.

A ministra israelense da Justiça, Tzipi Livni, também responsável pela negociações com os palestinos, minimizou de imediato o impacto da decisão, um dia depois de um encontro em Roma com o secretário de Estado americano, John Kerry.

"Fui informada do anúncio ao sair da reunião (com John Kerry), verifiquei e informamos imediatamente aos americanos. Não há espaço para fazer drama ou ficar irritado", disse Livni à rádio militar.

"Nos ouviram, entenderam e não reagiram", completou Livni.

A ministra afirmou que a construção de 296 casas na colônia de Beit El, perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, é consequência de um acordo concluído em junho de 2012 com os colonos que estavam instalados sem autorização em outro bairro da mesma colônia.

Os colonos aceitaram abandonar o local sem violência em troca da promessa de construção de 300 casas na colônia.

A Autoridade Palestina reagiu e acusou Israel de "sabotar" os esforços americanos para reativar o processo de paz.

"Condenamos esta nova decisão que é uma prova de que o governo israelense quer sabotar e arruinar os esforços do governo americano para reativar o processo de paz", declarou à AFP o negociador palestino Saeb Erakat.


O anúncio sobre Beit El foi feito poucos dias depois da imprensa e de uma ONG israelense terem informado que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia decidido suspender os projetos de construção de novas colônias, com o objetivo de favorecer os esforços dos Estados Unidos para reativar as negociações com os palestinos.

A Paz Agora, uma ONG israelense contrária à colonização, denunciou o projeto.

"Esta iniciativa prova que Netnayahu engana todo mundo. De um lado faz acreditar que paralisa a colonização e do outro autoriza o lançamento de um enorme projeto de construção", afirmou à AFP Hagit Ofran, da Paz Agora.

Questionado sobre as negociações de John Kerry para reativar as negociações de paz, Livni se mostrou prudente.

"Há progressos para a abertura de negociações. Existe certa dinâmica que entrou em marcha. O secretário de Estado demonstra uma determinação que não vemos em anos", afirmou a ministra.

O jornal Haaretz informou na terça-feira que Kerry havia solicitado em março a Netanyahu, que foi contrário a um congelamento total da colonização, a restrição de novas construções nos assentamentos.

Segundo o jornal. a direção palestina teria aceitado suspender durante o período as gestões destinadas a integrar organismos internacionais, incluindo as instâncias judiciais suscetíveis de iniciar ações contra Israel, algo permitido pelo estatuto da Palestina como Estado observador da ONU obtido em novembro.

Para a comunidade internacional, todos os assentamentos são ilegais, tenham sido autorizados ou não pelo governo. Mais de 260.000 colonos israelenses vivem na Cisjordânia ocupada e 200.000 nos bairros de colonização em Jerusalém Leste e anexada.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)IsraelPaíses ricosPalestina

Mais de Mundo

Presidente do México diz que “não haverá guerra tarifária” com EUA por causa de Trump

Austrália proíbe acesso de menores de 16 anos às redes sociais

Putin ameaça usar míssil balístico de capacidade nuclear para bombardear Ucrânia

Governo espanhol avisa que aplicará mandado de prisão se Netanyahu visitar o país