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Israel começa ofensiva para conquistar a Cidade de Gaza e ampliar controle sobre a região

Avanço das tropas acontece no momento em que EUA, Egito e Catar continuam aguardando a resposta formal de Benjamin Netanyahu a uma proposta de cessar-fogo

Agência o Globo
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Publicado em 21 de agosto de 2025 às 08h49.

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Com intensos bombardeios e disparos de artilharia, o Exército de Israel começou sua ofensiva na Cidade de Gaza nesta quinta-feira, com o objetivo de tomar o que afirma ser o último grande reduto do grupo terrorista Hamas no enclave. Segundo as Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês), cinco divisões militares devem participar da operação, chamada de "Carruagens de Gideão II", que contemplará mais de 60 mil reservistas.

“Não estamos esperando. Já iniciamos as ações preliminares e, neste momento, tropas das IDF estão controlando os arredores da Cidade de Gaza”, afirmou o Exército israelense em comunicado.

O avanço das tropas acontece no momento em que os mediadores — Estados Unidos, Egito e Catar — continuam aguardando a resposta formal do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a uma proposta de trégua, que permitiria a libertação dos reféns israelenses, e foi aceita pelo Hamas.

— Vamos intensificar nossos bombardeios contra o Hamas em Gaza. Começamos as operações preliminares. O Hamas de hoje não é o Hamas de antes. De uma organização terrorista militar organizada, foi reduzido a uma guerrilha enfraquecida e em apuros — disse o porta-voz do Exército israelense, general Effie Defrin, na quarta-feira. — Nossas forças estão na periferia da Cidade de Gaza. Vamos criar as condições para trazer os reféns.

Horas depois do pronunciamento do general, os bombardeios começaram na Cidade de Gaza. Muitos moradores fugiram para o oeste e o sul do enclave. Outros, porém, não têm para onde ir.

— A casa treme com a gente a noite toda. O som das explosões, da artilharia, dos aviões de guerra, das ambulâncias e dos gritos de socorro está nos matando — disse Ahmad al-Shanti, morador da Cidade de Gaza, à AFP. — O som está ficando mais próximo, mas para onde iríamos?

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal, disse que os ataques aéreos e os disparos de artilharia tiveram como alvo áreas a noroeste e sudeste da Cidade de Gaza.

O plano

O Gabinete de Segurança de Israel, comandado por Netanyahu, autorizou no início do mês um plano para a tomada militar da Cidade de Gaza, assim como para assumir o controle de toda a Faixa, libertar os reféns e desarmar o grupo terrorista Hamas.

Segundo comunicado do gabinete, o Exército se prepara para conquistar a Cidade de Gaza, cercada por áreas já controladas por Israel ou sob ordens de retirada. A ofensiva será gradual e acompanhada, segundo o governo, da distribuição de ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate.

Apesar de o anúncio limitar-se à Cidade de Gaza, há a perspectiva de que também foram aprovadas, ainda que não anunciadas, operações subsequentes para além dessa área, já que a declaração pontua que o objetivo é "destruir [o grupo terrorista] Hamas".

Desde o início da guerra, Israel mantém o cerco aos mais de 2 milhões de habitantes da Faixa e controla atualmente 75% do território.

'Mais mortos, mais destruição e mais pânico'

Desde meados de maio, segundo o general Defrin, "foram eliminados comandantes de alto escalão (do Hamas) e quase 2 mil terroristas, cinco divisões estão operando no terreno, dois importantes corredores foram abertos e quase 10 mil alvos foram atingidos".

Na quarta-feira, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, aprovou a ofensiva na Cidade de Gaza. Segundo a imprensa local, Netanyahu deve reunir nesta quinta-feira seu gabinete para dar a aprovação final.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), envolvido nas operações de troca de reféns por prisioneiros palestinos durante as duas tréguas anteriores, classificou como "intolerável" a intensificação das hostilidades.

— Significa mais mortos, mais deslocamentos, mais destruição e mais pânico — afirmou o porta-voz do CICV, Christian Cardon, à AFP. — Gaza é um espaço fechado, de onde ninguém pode escapar (...) e onde o acesso ao atendimento médico, comida e água potável está diminuindo.

Já a agência humanitária da ONU alertou que o plano israelense de expandir as operações militares na cidade de Gaza teria “um impacto humanitário terrível” sobre a população já exausta.

O que diz o Hamas

O Hamas, que aceitou a atual proposta de acordo de cessar-fogo, considerou que a operação na Cidade de Gaza demonstra "um desprezo flagrante pelos esforços dos mediadores".

Netanyahu "demonstra que é o verdadeiro obstáculo para qualquer acordo, que não se importa com a vida (dos reféns israelenses) e que não tem a intenção séria de resgatá-los", acrescentou em um comunicado divulgado na quarta-feira.

A proposta é baseada em um plano anterior do enviado americano Steve Witkoff: a libertação de 10 reféns vivos e dos corpos de 18 em troca de um cessar-fogo de 60 dias e negociações para acabar com a guerra, segundo a rádio pública israelense Kan.

Recentemente, no entanto, um funcionário do alto escalão do governo israelense indicou que o gabinete de Netanyahu "não mudou" de política e que continua "exigindo a libertação" de todos os reféns de uma só vez, "em conformidade com os princípios estabelecidos" para acabar com a guerra.

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