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Israel: caos político e dínamo tecnológico

Um ponto fundamental para o sucesso das startups do país contrasta com o debate político atual: abrir-se para o mundo

 (Jack Guez/AFP)

(Jack Guez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 18h05.

Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 18h23.

Israel, país com a economia mais dinâmica do Oriente Médio, entrou em um novo período de indefinição política nesta quinta-feira. O cada dia mais impopular primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, incapaz de conquistar maioria parlamentar, propôs um governo de união a seu principal adversário político, o ex-general do exército Benny Gantz.

Dantz conquistou 33 cadeiras nas eleições parlamentares de terça-feira; Netanyahu, 32. A soma dos assentos seria suficiente para ter maioria no Congresso com 120 membros. Mas Gantz respondeu com um sonoro “não”. Agora, ele mesmo parte para tentar montar um governo num processo que pode durar semanas e terminar em novo fracasso, o que pode levar os israelenses para a terceira eleição em um ano.

Há dez anos no cargo, Netanyahu vem intensificando os discursos contra árabes e a favor do nacionalismo judeu. É uma postura política que contrasta com o despertar tecnológico de Israel. EXAME visitou Tel Aviv para mostrar como a nação de 8,5 milhões de habitantes se transformou no país com a maior concentração de startups do mundo, e como quer seguir crescendo. Um ponto fundamental, que contrasta com as políticas defendidas por seu atual primeiro-ministro, é abrir-se para o mundo.

 

A modernização do país na última década tem a ver com o rápido crescimento das empresas de tecnologia. De 2009 a 2018, as startups israelenses receberam 43 bilhões de dólares em investimentos e colecionaram histórias que ficaram conhecidas globalmente. O gigante de tecnologia Google pagou 1,3 bilhão de dólares pelo aplicativo de trânsito Waze; a fabricante de microprocessadores Intel desembolsou 15,3 bilhões em troca da empresa de sistemas para carros autônomos Mobileye; e companhias como Wix, de construção de sites, e Fiverr, de trabalhos temporários, estrearam em bolsas de valores americanas.

Segundo a organização Startup Genome, Israel é o país com maior número de startups per capita. A densidade de empresas inovadoras em Tel-Aviv — uma das cidades visitadas por EXAME — só perde para o Vale do Silício. A competição crescente fez o país traçar uma nova meta: em vez de ser “a nação das startups”, quer se tornar “a nação das scaleups”, as empresas em franco crescimento que já se provaram como negócio.

No caso das startups de Israel, chegar a esse estágio depende obrigatoriamente de atuar além do país de 8,5 milhões de habitantes. “Somos uma pequena nação e não existe a opção de colaborar com nossos vizinhos. As startups precisam ir ao exterior para ter sucesso”, diz Fej Shmuelevitz, vice-presidente de operações do Waze, que está na companhia desde sua fundação em 2008.

Para impulsionar a inovação, o governo reduziu o imposto sobre o lucro das empresas — hoje em 23% — para 5% em certas áreas. A Autoridade de Inovação de Israel, uma agência de fomento ao empreendedorismo, tem uma divisão focada em fazer as startups ganhar mercado. A agência começou no ano passado a oferecer uma linha de incentivos para que novos negócios saiam da fase de pesquisa. Cerca de 60 empresas receberam 20 milhões de dólares em 2018.

Se Israel vai ao exterior, o exterior também vai até Israel. A presença de universidades e negócios inovadores atrai multinacionais e investidores. Israel tem mais de 350 centros de pesquisa estabelecidos no país, propriedades de gigantes de tecnologia, como Alibaba, Apple, IBM e Microsoft.

Seus logotipos estão estampados nos arranha-céus de Tel-Aviv ou enfileirados nos poucos edifícios construídos no Deserto do Neguev, que rodeia a cidade de Berseba. As startups israelenses captaram 7,5 bilhões de dólares com fundos em 2018, seis vezes o valor recebido por start-ups brasileiras no mesmo ano. Cerca de 70% dos recursos vieram de estrangeiros.

As relações políticas impulsionam um setor em especial: segurança. Startups de cibersegurança israelenses levantaram 4,4 bilhões de dólares de 2008 a 2018. Hoje, há cerca de 752 empresas do setor registradas no país.

Em 2010, o próprio Benjamin Netanyahu estabeleceu um plano nacional para tornar Israel um dos cinco países líderes em cibersegurança. Quatro anos depois, o governo determinou que a cidade de Berseba, localizada no Deserto do Neguev e 110 quilômetros ao sul de Jerusalém, deveria se tornar a capital cibernética israelense. O projeto avançou junto com as incertezas políticas do país. No fim, o papel do estado para que as startups israelenses se mantenham competitivas passou longe do debate eleitoral. Quem sabe na próxima eleição, que pode acontecer daqui a seis meses.

A reportagem completa sobre o projeto de inovação israelense está na edição 1193 da revista EXAME, disponível em versão impressa e digital.

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