Crianças palestinas brincam durante apagão de energia em Beit Lahia, norte da Faixa de Gaza, em 12 de novembro de 2013 (Mahmud Hams/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2013 às 21h37.
Jerusalém - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, determinou nesta terça-feira a anulação do projeto do Ministério da Habitação para licitar a construção de 20 mil residências nas colônias da Cisjordânia, anunciou uma fonte oficial.
"O premier ordenou ao ministro da Habitação, Uri Ariel, reconsiderar todas as medidas relacionadas ao planejamento (dessas habitações), tomadas sem coordenação prévia", informou o gabinete de Netanyahu.
"Essa iniciativa não contribui para a colonização, pelo contrário, a prejudica. Trata-se de um gesto inútil - legalmente e na prática - e de uma ação que provoca uma confrontação desnecessária com a comunidade internacional, no momento em que nos esforçamos para convencer os membros desta mesma comunidade a obter um acordo melhor com o Irã", disse Netanyahu, criticando o ministro da Habitação, membro do partido de extrema direita Lar Judeu.
Ariel aceitou o pedido do primeiro-ministro, segundo o comunicado.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, havia advertido na noite desta terça-feira que "o processo de paz acabaria", caso Israel não recuasse em sua decisão, segundo o negociador Saeb Erakat.
Erakat declarou à AFP que Abbas lhe encarregou de informar ao Quarteto para o Oriente Médio e à Liga Árabe que "se Israel não recuasse de sua decisão de construir nas colônias, isso significaria o fim do processo de paz".
Os Estados Unidos também manifestaram a sua oposição.
"Estamos profundamente preocupados (...) Ficamos surpresos com este anúncio e estamos buscando explicações do governo israelense", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki.
O secretário de Estado americano, John Kerry, telefonou na noite desta terça para o líder palestino, de acordo com uma fonte palestina.
A ONG anti-colonização Paz Agora havia anunciado antes que "o Ministério da Habitação havia lançado um número recorde de ofertas para o planejamento de 20 mil casas nas colônias da Cisjordânia".
Esse anúncio acontece no momento em que Israel e Estados Unidos adotam posturas contrárias em relação à questão nuclear iraniana, com os israelenses acusando os americanos de querer concluir a todo custo um "acordo ruim" com Teerã.
O ministro israelense da Energia, Sylvan Shalom, havia confirmado à rádio militar os projetos israelenses: "Não há por que criar toda uma história. Nós construiremos em Judeia-Samaria (Cisjordânia) e continuaremos a fazê-lo. É a política declarada do governo e do Likud", partido de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Netanyahu já havia bloqueado a construção de 1.200 residências - das 20.000 programadas - no polêmico setor de E1, que liga Jerusalém Oriental à Cisjordânia.
A comunidade internacional, em particular os Estados Unidos, condenou com firmeza o projeto E1, que dividirá a Cisjordânia em duas, comprometendo a viabilidade de um Estado palestino.
Em recente viagem ao Oriente Médio - para tentar relançar, aparentemente em vão, as negociações entre israelenses e palestinos - John Kerry lembrou que os Estados Unidos consideram a colonização judaica "ilegítima".
Kerry rejeitou as declarações de autoridades israelenses segundo as quais palestinos e Estados Unidos haviam aceitado tacitamente a continuidade dos projetos de colonização em troca da libertação de prisioneiros palestinos.
Em julho, Mahmud Abbas se comprometeu a suspender qualquer iniciativa palestina de adesão às organizações internacionais, incluindo as instâncias judiciais capazes de julgar Israel, durante os nove meses de duração das negociações de paz.