Os objetivos militares também deixam dúvidas sobre o que acontecerá na Faixa de Gaza se o Hamas for exterminado (MAHMUD HAMS/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 16h14.
Última atualização em 27 de outubro de 2023 às 16h20.
Israel disse nesta sexta-feira, 27, que suas forças terrestres estão expandindo ataques na Faixa de Gaza, à medida que se aproxima de uma invasão terrestre total do território sitiado. A internet do território foi cortada, deixando a população sem comunicação com o exterior.
O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do Exército, disse que os bombardeios têm como alvo túneis do Hamas e outros alvos. "Além dos ataques que realizamos nos últimos dias, as forças terrestres estão expandindo sua atividade esta noite", disse. "As IDF [Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês] estão agindo com grande força (...) para alcançar os objetivos da guerra."
O objetivo expresso de Israel é exterminar o grupo terrorista Hamas, que atacou o país no dia 7, deixando 1,4 mil mortos. Centenas de milhares de soldados israelenses se concentram na fronteira com Gaza à espera da ordem para iniciar a ofensiva terrestre. Ao menos duas incursões terrestres com tanques aconteceram nos arredores da Cidade de Gaza nos últimos dias.
A invasão terrestre dará início a uma nova fase na guerra, afirmam as autoridades. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu a etapa terrestre como "cansativa e aberta" devido às características de combates urbanos, em regra lentos, longos e sangrentos. Segundo Gallant, Israel tem atuado para destruir a rede de túneis do Hamas, que oferece uma vantagem para os terroristas no campo de batalha. Ele também afirmou que espera uma fase de combates de baixa intensidade enquanto Israel destrói "bolsões de resistência".
Os objetivos militares também deixam dúvidas sobre o que acontecerá na Faixa de Gaza se o Hamas for exterminado. O grupo comanda o enclave. Israel afirma que não quer ocupá-lo após destituir o grupo terrorista.
Os bombardeios de Israel em Gaza em retaliação ao dia 7 de outubro causaram 7,3 mil mortes de civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, comandado pelo braço político do Hamas. Ante o questionamento sobre os números, a autoridade divulgou na quinta-feira, 26, uma lista detalhada de nomes e identificação dos mortos que incluem mais de 3 mil crianças e 1,5 mil mulheres.
O número total de mortes excede em muito a soma de todas as vítimas fatais das quatro guerras anteriores entre Israel e o Hamas, estimado em cerca de 4 mil. Espera-se que uma invasão terrestre cause baixas ainda maiores em ambos os lados, enquanto as forças israelenses e o Hamas lutam entre si em áreas residenciais densas.
Com uma maior busca por conhecimento sobre o tema nesta nova guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o "Estadão" pediu para que especialistas selecionassem dicas de livros, filmes e séries sobre o tema
As FDI também impuseram um cerco a Gaza que impediu o fornecimento de alimentos, combustível, água e medicamentos para os civis. A ONU alertou que a operação de ajuda humanitária tem "desmoronado" em meio ao conflito.
Explosões na noite desta sexta-feira (horário local) iluminaram o céu sobre a Cidade de Gaza, enquanto o apagão de comunicações cortou a maior parte do contato com o mundo exterior e dentro do território.
A Companhia de Telecomunicações da Palestina (Paltel) anunciou "uma interrupção completa de todos os serviços de comunicação e internet" devido aos bombardeios. A Crescente Vermelho disse que todas as comunicações de telefone fixo, celular e internet foram cortadas e que a organização perdeu todo o contato com sua sala de operações e equipes médicas. A instituição disse temer que as pessoas não consigam mais entrar em contato com os serviços de ambulância. As tentativas da agência de notícias Associated Press de chegar às pessoas em Gaza não foram bem-sucedidas.
Os hospitais de Gaza procuram diesel para operar geradores de emergência que alimentam incubadoras e outros equipamentos que salvam vidas depois de um bloqueio de Israel a todas as entregas de combustível. Apesar dos apelos de organizações para que o combustível entre no território, Israel afirma que o Hamas pode utilizá-lo para outros fins.
O Exército israelense divulgou fotos mostrando o que alegou serem instalações do Hamas dentro e ao redor do maior hospital de Gaza, o al-Shifa. Israel já fez essas afirmações antes, mas eles se recusaram a dizer como obtiveram as fotos.
Pouco se sabe sobre os túneis e outras infraestruturas do Hamas, e as alegações dos militares e de Yoav Gallant não puderam ser verificadas de forma independente. Falando no Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, o chefe de mídia do Hamas, Salama Moussa, chamou as alegações de Israel de "mentiras" e disse que elas eram "um precursor para atacar esta instalação".
A ONU informou que o hospital está sobrecarregado por milhares de pacientes e feridos, e cerca de 40 mil moradores deslocados de Gaza se aglomeraram dentro e ao redor de seus terrenos para se abrigar na esperança do local não ser bombardeado. Bombardeios a áreas civis e de ajuda humanitária são considerados crimes de guerra.