Benjamin Netanyahu: primeiro-ministro de Israel disse que pretende ocupar toda a Faixa de Gaza, mas entregar o controle a forças árabes posteriormente (GIL COHEN-MAGEN/AFP/Getty Images)
Redatora
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 06h25.
O gabinete político e de segurança de Israel aprovou nesta sexta-feira, 8, um plano para assumir o controle da Cidade de Gaza, ampliando a operação militar no enclave palestino apesar do aumento das críticas internas e internacionais à guerra que já dura quase dois anos, informou a Reuters.
A medida, pressionada por aliados da ala mais à direita da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, faz parte de sua promessa de erradicar o grupo Hamas.
A Cidade de Gaza, localizada no norte do enclave, é o maior centro urbano do território e abriga importantes áreas administrativas e comerciais.
O Exército israelense já havia alertado que uma ofensiva total poderia colocar em risco a vida dos cerca de 50 reféns ainda mantidos na Faixa de Gaza, dos quais apenas 20 estariam vivos, segundo autoridades israelenses.
Em comunicado, o gabinete de Netanyahu afirmou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) se prepararão para controlar a Cidade de Gaza, oferecendo ajuda humanitária à população fora das zonas de combate. O plano prevê a evacuação de civis palestinos antes de uma ofensiva terrestre, conforme fontes citadas pela Reuters.
A decisão ocorre após fracassos em tentativas de mediação para um cessar-fogo e em meio à crescente pressão internacional, alimentada por imagens de crianças palestinas em situação de fome.
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer pediu que Israel reconsidere a medida, classificando-a como equivocada, enquanto a Austrália também manifestou oposição.
Netanyahu disse à Fox News que pretende ocupar toda a Faixa de Gaza, mas entregá-la posteriormente a forças árabes para administração, sem detalhar quais países estariam envolvidos. "Não queremos governá-la, queremos um perímetro de segurança", declarou.
Segundo a Reuters, em reunião realizada no início da semana, o chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, se opôs à ampliação da campanha militar. Fontes israelenses classificaram o encontro como tenso. Para críticos internos, a decisão equivale a "uma sentença de morte" para os sequestrados.
Hamas chamou as declarações de Netanyahu de “golpe flagrante” contra o processo de negociação e reiterou que qualquer força destinada a administrar Gaza seria tratada como ocupação. Países árabes, como a Jordânia, reforçaram que a segurança no território deve ser responsabilidade de instituições palestinas legítimas.
Não há consenso sobre a duração da possível ocupação. Entre os cenários considerados, estava uma tomada gradual das áreas ainda fora de controle israelense, com avisos prévios de evacuação aos civis.
As negociações por reféns e cessar-fogo seguem paralisadas desde julho, quando colapsaram tratativas que poderiam resultar em novas libertações. Israel mantém a posição de só encerrar a guerra com a destruição completa do Hamas, enquanto o grupo exige um fim permanente do conflito antes de qualquer acordo.