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Israel aprova nova ofensiva na Faixa de Gaza

Nova escalada tem foco em desmilitarizar o território e libertar os reféns israelenses

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 13h10.

O Exército israelense anunciou nesta quarta-feira, 13, que aprovou o plano para uma nova ofensiva na Faixa de Gaza, onde o Hamas condenou suas incursões terrestres "agressivas" na Cidade de Gaza, a maior aglomeração urbana no território palestino.

Testemunhas relataram intensos ataques aéreos sobre a cidade, assim como a presença de tanques israelenses e fortes explosões nos bairros de Tal al Hawa e Zeitoun, onde o Exército estava demolindo casas.

Após 22 meses de guerra, Israel quer tomar o controle da cidade do norte do território e dos campos de refugiados próximos, uma das áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza. Com a ofensiva, as tropas israelenses pretendem desmantelar os últimos redutos do Hamas.

Por ordem do gabinete militar do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Exército, que atualmente controla 75% do território, se prepara para iniciar a nova fase de suas operações com o objetivo de libertar todos os reféns israelenses mantidos em Gaza e "derrotar" o Hamas.

O comandante do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, "aprovou a principal estrutura do plano operacional do Exército na Faixa de Gaza", afirma um comunicado militar, que não revelou um calendário para a ofensiva.

Reação do Hamas e críticas à escalada

O movimento islamista palestino denunciou "incursões agressivas na Cidade de Gaza" e uma "escalada perigosa por parte de Israel". Nas ruas da cidade, as famílias palestinas voltaram a fugir, com suas bagagens e colchões empilhados em bicicletas e carroças.

Abu Ahmed Abbas, um homem de 46 anos, contou à AFP que, "há vários dias, os tanques avançam na parte sudeste do bairro de Zeitoun, destruindo casas". Fatum, uma mulher de 51 anos, disse: "Os ataques são muito intensos, e desde domingo também há fogo de artilharia".

Segundo a Defesa Civil de Gaza, 18 palestinos, incluindo vários menores de idade, morreram nesta quarta-feira vítimas de disparos israelenses. Pelo menos 11 deles aguardavam por ajuda humanitária.

A aprovação do plano coincide com o anúncio do Hamas de que uma delegação do movimento viajou ao Cairo para manter "negociações preliminares" com autoridades egípcias sobre uma possível nova trégua.

O Egito informou na terça-feira que estava trabalhando com o Catar e os Estados Unidos para obter um cessar-fogo de 60 dias na Faixa de Gaza, onde a guerra começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque sem precedentes do Hamas contra o território israelense.

Netanyahu afirmou no domingo que o plano israelense "não tinha como objetivo ocupar Gaza, e sim desmilitarizá-la".

O primeiro-ministro israelense enfrenta uma forte pressão da opinião pública de seu país, comovida com o destino dos 49 reféns que permanecem sob poder do Hamas em Gaza, incluindo 27 que morreram, segundo o Exército. No exterior, os apelos são cada vez mais intensos para acabar com o sofrimento dos mais de dois milhões de habitantes do território, ameaçados por uma "fome generalizada", segundo a ONU.

Pressão e Mobilização para Fim da Guerra

O comandante do Estado-Maior destacou nesta quarta-feira "a importância de aumentar a disponibilidade e a preparação das tropas para o recrutamento de reservistas", uma questão política delicada, já que os ultraortodoxos, que representam dezenas de milhares de homens, se recusam a cumprir o serviço militar obrigatório.

Centenas de pilotos aposentados da Força Aérea se manifestaram na terça-feira em Tel Aviv aos gritos de "Parem a guerra" para exigir a libertação dos reféns.

O ataque do Hamas de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, causou a morte de 1.219 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais.

A ofensiva israelense matou mais de 61.500 palestinos, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.

 

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