Assentamento judaico: em 1967, Israel anexou Jerusalém em medida que não é internacionalmente reconhecida (Ammar Awad/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2014 às 15h38.
Jerusalém - Autoridades israelenses deram aprovação preliminar nesta quarta-feira para a construção de mais 200 moradias numa área de Jerusalém Oriental, medida que deve intensificar as já elevadas tensões na cidade.
A decisão foi tomada pouco antes da chegada do secretário de Estado norte-americano John Kerry à vizinha Jordânia, numa missão que tem como objetivo restaurar a calma na Terra Santa, após semanas de tumultos.
A maior parte da violência na região deriva de tensões a respeito de um sensível local sagrado reverenciado por muçulmanos e judeus, mas o colapso das negociações de paz intermediadas pelos Estados Unidos, a sangrenta guerra de Israel na Faixa de Gaza e a continuidade das construções israelenses em Jerusalém Oriental também influenciam a situação.
Brachie Sprung, porta-voz da municipalidade, disse que autoridades da cidade aprovaram a construção de mais 200 moradias na área de Ramot.
Ela afirmou que a aprovação é apenas o estágio preliminar do processo de planejamento, o que significa que o início da construção vai demorar anos.
Sprung informou também que autoridades da cidade aprovaram a construção de outras 174 casas num bairro árabe.
Qualquer construção israelense para judeus em áreas de Jerusalém Oriental pode dar origem a uma tempestade diplomática, especialmente no atual ambiente de fragilidade.
Israel capturou Jerusalém Oriental em 1967 e anexou a área numa medida que não é internacionalmente reconhecida.
Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital de seu futuro estado. A comunidade internacional não reconhece a soberania israelense sobre a área e se opõe à construção de novos assentamentos.
Mais de 200 mil judeus israelenses vivem em locais como Ramot, que circundam Jerusalém Oriental para ajudar a consolidar o controle israelense na região.
O anúncio israelense foi feito antes de Kerry chegar à Jordânia, onde vai se reunir, na quinta-feira, com o rei Abdullah II e com o presidente palestino Mahmoud Abbas para discutir a situação em Jerusalém. Não está prevista uma viagem de Kerry a Israel.
Segundo um antigo acordo, a Jordânia tem direito de custódia sobre locais sagrados muçulmanos em Jerusalém, dentre eles o Monte do Templo, chamado pelos muçulmanos de Nobre Santuário.
A visita ao local por fiéis judeus elevou temores entre os muçulmanos de que Israel estaria tentando tomar o local.
As tensões se elevaram e se transformaram em manifestações e violência.
Nesta semana, Abbas acusou o primeiro-ministro israelenses Benjamin Netanyahu de levar a região a uma "guerra religiosa". Fonte: Associated Press.