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Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2010 às 09h02.
Jerusalém - Em uma reunião extraordinária, o Governo de Israel aprovou hoje a criação de uma comissão interna especial para investigar o ataque ocorrido há duas semanas do Exército israelense a um comboio humanitário, no qual morreram nove cidadãos turcos.
Conforme a rádio pública israelense, a decisão foi aprovada por unanimidade. A comissão será encarregada de "esclarecer" os fatos, e não atribuir responsabilidades aos políticos e militares que tomaram as decisões.
Ao pedir seu apoio, o chefe do Governo, Benjamin Netanyahu, explicou que "dois princípios" guiarão a criação da comissão: "proteger a liberdade de ação do Exército e a investigação militar" e "dar uma resposta crível e convincente aos países moderados da comunidade internacional".
O primeiro argumento foi o mesmo que levou Israel a rejeitar a proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para que a investigação fosse realizada por uma comissão internacional, para que os soldados, que cumprem serviço militar obrigatório, não fossem interrogados fora das instâncias militares.
Só o chefe do Estado-Maior, o general Gaby Ashkenazi, vai depor. Os demais oficiais vão falar diante de um grupo de analistas do Exército que investiga a operação de abordagem e que depois repassará as transcrições à comissão.
O segundo argumento responde às pressões internacionais que seguiram ao ataque em águas internacionais dos sete navios do comboio que tentava romper o bloqueio que Israel impôs à Faixa de Gaza em 2006 e levar ajuda humanitária a sua população.
Em um dos navios, o "Mavi Marmara", a abordagem acabou na morte de nove turcos que morreram atingidos por disparos dos comandos israelenses, que abriram fogo supostamente para defenderem-se das agressões dos ativistas ao descer por cordas dos helicópteros.
Segundo testemunhos de alguns passageiros, o Exército israelense abriu fogo antes do início da abordagem.
"Os resultados demonstrarão que nossa intenção era uma ação defensiva sob os padrões internacionais", acrescentou Netanyahu, para o qual a comissão "esclarecerá ao mundo que Israel atua de acordo com a lei e com absoluta transparência".
Dentre os cinco membros, a comissão será presidida pelo juiz aposentado do Tribunal Supremo israelense, Jacob Turkel, e integrada pelo jurista Shabtai Rozen e mais um ex-presidente do instituto tecnológico Technion.
Para atender aos pedidos de transparência dos Estados Unidos e da União Europeia, o primeiro-ministro israelense nomeou "dois observadores internacionais com ampla experiência em direito militar e nos direitos humanos".
O prêmio Nobel da Paz o norte-irlandês William David Trimble e o canadense Ken Watkin, jurista internacional e ex-promotor general do Exército do Canadá.
O jornal "Yedioth Ahronoth" informa que ambos poderão participar dos debates, interrogatórios, mas não terão direito a voto.
Sobre as missões da comissão, Governo pede que opine com relação "as ações do Estado de Israel" para impedir a chegada do comboio a Gaza e também avaliem se o Exército israelense atuou de acordo com o direito internacional.
Outro objetivo será estudar a legalidade do bloqueio marítimo que Israel aplica à faixa palestina e que a comunidade internacional exige o fim.