Mundo

Israel anuncia corte no fornecimento de eletricidade para Gaza

Medida ocorre uma semana após país cortar completamente o fornecimento de ajuda humanitária para o território

Área destruída em Gaza, perto do campo de refugiados de Nur Shams (Zain Jaafar/AFP)

Área destruída em Gaza, perto do campo de refugiados de Nur Shams (Zain Jaafar/AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 9 de março de 2025 às 14h04.

Última atualização em 9 de março de 2025 às 14h05.

Israel anunciou neste domingo que cortará o fornecimento de eletricidade para a Faixa de Gaza. Os efeitos completos da medida ainda não estão claro, mas as usinas de dessalinização do território dependem de energia para produzir água potável, publicou a agência americana Associated Press.

O anúncio ocorre uma semana após o Estado judeu cortar completamente o fornecimento de ajuda humanitária para o território, que abriga mais de 2 milhões de pessoas – uma medida que foi amplamente criticada pela comunidade internacional. A iniciativa visa pressionar o Hamas a aceitar a extensão da primeira fase do cessar-fogo, que terminou no último fim de semana.

Enquanto o grupo pede negociações imediatas sobre a segunda fase do cessar-fogo, que deveria levar a um fim definitivo da guerra, Israel prefere uma prorrogação da primeira fase até meados de abril. Neste domingo, o Hamas disse ter encerrado a última rodada de negociações com mediadores egípcios sem alterar sua posição, reiterando a necessidade de avançar para a segunda fase do acordo.

No fim de semana, representantes do Hamas também se encontraram com mediadores no Cairo para buscar a retomada das entregas de ajuda “sem restrições nem condições”. Mahmud Mardawi, um dirigente do grupo, disse à AFP que o Hamas “enfatiza a urgência de forçar a ocupação (como se refere a Israel) a iniciar imediatamente as negociações da segunda fase sob os parâmetros acordados”.

Uma nova carta do ministro de Energia de Israel, Eli Cohen, ordenou à Israel Electric Corporation que interrompa a venda de eletricidade para
Gaza. Israel já havia alertado que, além do bloqueio de suprimentos, a água e a eletricidade poderiam ser os próximos alvos. Em comunicado, Cohen disse que o Estado judeu usará “todas as ferramentas à disposição para trazer os reféns de volta”.

Gaza já foi amplamente devastada pela guerra, e a eletricidade atualmente vem, em parte, de geradores e painéis solares.

Envolvimento direto

Taher al-Nono, assessor político do líder do Hamas, disse que as conversas com Adam Boehler, o encarregado do governo americano para negociar a liberação dos reféns, foram “positivas e flexíveis”. Segundo publicado pelo jornal israelense Haaretz, as duas partes teriam discutido como garantir a implementação de um acordo destinado a encerrar a guerra entre Israel e Hamas.

O enviado especial do presidente Donald Trump, Steve Witkoff, disse a jornalistas na Casa Branca na semana passada que garantir a libertação de Edan Alexander, o jovem de 21 anos natural de Nova Jersey – e que se acredita ser o último refém americano vivo mantido pelo Hamas em Gaza – era uma “prioridade máxima”. Alexander serviu como soldado nas Forças Armadas de Israel.

— Informamos à delegação americana que não nos opomos à libertação do prisioneiro dentro do contexto dessas negociações — disse al-Nono à Reuters.

Apesar do fim da fase inicial da trégua, ambas as partes evitaram retornar a uma guerra total, embora tenham ocorrido episódios esporádicos de violência. Neste domingo, o Exército do Estado judeu anunciou um ataque contra combatentes que estavam enterrando um artefato explosivo no norte do enclave. Em nota, as Forças Armadas de Israel escreveram:

“Vários terroristas foram vistos perto das tropas do Exército enquanto tentavam esconder um artefato explosivo no solo no norte de Gaza”.

As discussões entre o enviado americano para negociar a libertação de reféns e o Hamas romperam com uma política de décadas de Washington contra negociações com grupos que os Estados Unidos classificam como organizações terroristas.

A trégua pôs fim a 15 meses de combates intensos na Faixa de Gaza, que fizeram com que praticamente toda a população do território – cerca de 2 milhões de pessoas – fosse deslocada. Pelo menos 48 mil palestinos foram mortos. O conflito teve início após o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 foram sequestradas.

A primeira fase do cessar-fogo, com duração de seis semanas, permitiu a troca de 25 reféns israelenses vivos e oito mortos por 1,8 mil prisioneiros palestinos detidos em Israel. Também possibilitou a entrada de alimentos e assistência médica em Gaza, embora o Estado judeu tenha voltado a bloqueá-la. Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas, 58 permanecem em Gaza.

(Com AFP)

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseIsraelFaixa de Gaza

Mais de Mundo

Joe Biden deseja sucesso ao papa Leão XIV e que 'Deus o abençoe'

Presidente do Peru agradece Papa Leão XIV por 'mais de 20 anos de serviço' no país

Papa estava de passagem comprada para terceira vinda ao Brasil

Trump quer aumento de impostos para milionários que ganham acima de US$ 2,5 milhões