Parlamento da Islândia em Reykjavik: governo anunciou medidas diplomáticas contra a Rússia e se posiciona ao lado do Reino Unido em caso de ex-espião (Spencer Platt/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 26 de março de 2018 às 16h12.
Última atualização em 26 de março de 2018 às 17h20.
São Paulo – O governo da Islândia anunciou agora há pouco que seus líderes não estarão presentes na Copa do Mundo de Futebol que acontece na Rússia entre os meses de junho e julho de 2018. A informação foi primeiro divulgada pela agência de notícias AFP no Twitter e é parte de um comunicado oficial assinado pelo governo do país.
#BREAKING Iceland announces diplomatic boycott of 2018 World Cup in Russia
— AFP News Agency (@AFP) March 26, 2018
"O governo da Islândia decidiu permanecer em solidariedade ao Reino Unido e outros países ocidentais e irá se juntar aos esforços coordenados de responder ao ataque químico em Salisbury. Esse ataque é uma violação grave de leis internacionais e ameaça a segurança e a paz na Europa", diz o comunicado.
A decisão, esclarece a nota, é uma resposta solidária ao Reino Unido no caso do ataque químico contra o ex-espião Sergei Skripal, ocorrido em 4 de março na cidade britânica de Salisbury. Naquele dia, Skripal e sua filha foram encontrados agonizando em um banco de um parque por um policial, que também foi afetado. Todas as vítimas estão hospitalizadas em estado grave.
Além desse boicote diplomático, a Islândia informou que irá suspender qualquer conversa bilateral com a Rússia e cobrou explicações do governo de Vladimir Putin sobre o uso de armas químicas no episódio. O governo britânico acusa a Rússia de ser a responsável pelo ato em razão da substância usada, que seria de fabricação soviética.
Vale notar que a medida anunciada pelo governo islandês não se aplica aos jogadores da seleção nacional. Embora seja possível retirar a participação do torneio, a Fifa estipula diferentes penalidades e multas dependendo das razões por trás de tal desistência. De acordo com o regulamento da entidade, uma dessas punições pode até ser a expulsão definitiva da equipe de eventos futuros.
As tensões diplomáticas entre Reino Unido e Rússia atingiram níveis alarmantes há poucas semanas em razão desse ataque. Na ocasião, a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou a expulsão de oficiais russos de solo britânico e a Rússia retaliou na mesma proporção.
Nesta segunda-feira, foi a vez de a comunidade internacional se posicionar junto aos britânicos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Canadá e ao menos 14 países europeus anunciaram a expulsão de diplomatas, em um movimento que foi chamado de "gesto provocador" pela Rússia, que prometeu reação.
Nascido em 23 de junho de 1951, Skripal trabalhou até 1999 no serviço de inteligência do exército russo e chegou a coronel. De 1999 a 2003, trabalhou no Ministério das Relações Exteriores do país.
Em 2004, foi detido e acusado de “alta traição” por ter repassado informações sobre as identidades de agentes secretos russos que trabalhavam na Europa para o serviço de inteligência britânico, o MI-6, em troca de US$ 100 mil.
Condenado a 13 anos de prisão, ele ficou preso até 2010. Depois de receber perdão do então presidente Dmitri Medvedev, foi incluído no que é considerada a maior troca de espiões desde o fim da Guerra Fria e vivia na Inglaterra desde então.