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Islamitas reivindicam presidência do Egito

O site do jornal pró-governo Al-Ahram anunciou, por sua vez, uma pequena vantagem de 51% para o candidato da Irmandade Muçulmana

Mursi, um engenheiro de 60 anos, procurou durante a sua campanha apagar sua imagem de islamita conservador para se apresentar como o homem da união (©AFP / Patrick Baz)

Mursi, um engenheiro de 60 anos, procurou durante a sua campanha apagar sua imagem de islamita conservador para se apresentar como o homem da união (©AFP / Patrick Baz)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 14h15.

Cairo - O candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, reivindicou nesta segunda-feira a vitória nas eleições presidenciais no Egito, logo após a decisão das Forças Armadas de assumir vastos poderes, uma atitude denunciada como um "golpe" pelos adversários dos militares.

Mas a equipe do seu rival Ahmed Shafiq, o último primeiro-ministro de Hosni Mubarak, garantiu que ele estava à frente nos resultados provisórios da votação, que terminou domingo à noite, e acusou os islamitas de tentarem "roubar" a presidência.

O site do jornal pró-governo Al-Ahram anunciou, por sua vez, uma pequena vantagem de 51% para o candidato da Irmandade Muçulmana.

A vitória de Mursi, se confirmada, levará pela primeira vez um islamita à frente do país mais populoso do mundo árabe, com cerca de 82 milhões de habitantes.

Estas eleições presidenciais, que dividiu profundamente o país e fez crescer o medo de novas tensões, foi a primeira desde a queda, em fevereiro de 2011, de Hosni Mubarak.

O próximo presidente, seja ele quem for, terá uma margem de manobra muito limitada diante dos militares que dirigem o país desde a saída de Mubarak, já que atribuíram para si amplos poderes, pouco antes do encerramento das urnas.

O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) confirmou nesta segunda-feira a sua vontade de entregar as chaves para o futuro do presidente antes do final do mês, mantendo para si o controle legislativo e de outras manobras institucionais em nome "do equilíbrio de poder".


"As Forças Armadas passaram o poder para as Forças Armadas", ironizou o jornal independente Al-Masri al-Yum. "Um presidente sem poder", era a manchete de outro jornal independente, o Al-Chruq.

A Coalizão dos Jovens da Revolução, que reúne vários movimentos que deram origem a revolta anti-Mubarak, denunciou um "golpe inconstitucional" dos militares, que "nunca vão reconhecer uma vontade popular que poderia contradizê-los".

O Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, presidido por Mursi, declarou em sua conta no Twitter que ele tinha sido "o primeiro presidente eleito pelo povo".

De acordo com a sua equipe de campanha, Mursi obteve 52% dos votos contra 48% para Shafiq, um número ainda não oficial, mas confirmado pela televisão estatal.

Mursi está empenhado em trabalhar "juntamente com os egípcios para um futuro melhor, pela liberdade, democracia e paz". Ele também prometeu "servir a todos os egípcios" independentemente da sua política ou religião.

O anúncio desta vitória foi imediatamente rejeitado pela equipe de Shafiq, um general aposentado considerado o candidato dos militares.

"É um ato de pirataria reivindicar uma vitória usando números completamente errados", declarou à imprensa Ahmed Sarhan, um dos membros da equipe de Shafiq, que obteve, segundo ele, de 51 a 52% dos votos.


Os resultados oficiais devem ser anunciados na quinta-feira pela Comissão eleitoral.

Estas tensões e incertezas políticas refletiram na Bolsa do Cairo, que perdeu 3,42% pontos em seu fechamento.

Domingo à noite, o CSFA anunciou uma Declaração Constitucional Complementar que passa o poder legislativo para as suas mãos até a eleição de uma nova Assembleia Nacional, o que poderá acontecer no final do ano.

A Câmara dos Deputados, dominada pela Irmandade Muçulmana, foi de fato dissolvida no sábado pelo Supremo Tribunal Constitucional, que aproveitou de uma brecha legal na lei eleitoral.

Uma nova eleição, no entanto, não poderá ser realizada antes da adoção de uma nova Constituição, na qual o CSFA terá direito de veto sobre qualquer item que considera "contrário aos interesses do país".

A Declaração também estabelece que o CSFA manterá o controle sobre "todas as questões no seio das Forças Armadas".

Mursi, um engenheiro de 60 anos, procurou durante a sua campanha apagar sua imagem de islamita conservador para se apresentar como o homem da união e a única solução para os partidários da revolução contra um retorno do antigo regime .

O ex-comandante da Força Aérea, Shafiq, 70 anos, baseou sua campanha no tema da estabilidade, muito desejada por muitos egípcios, após mais de um ano de uma transição política caótica. Ele é apoiado pelos coptas (cristãos do Egito), preocupados com uma possível vitória islamita.

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