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Islamitas moderados vencem eleições na Turquia

Foi a terceira vitória consecutiva do primeiro-ministro Tayyip Erdogan, no poder desde 2002

Tayyip Erdogan, primeiro-ministro da Turquia (Brendan Smialowski/Getty Images)

Tayyip Erdogan, primeiro-ministro da Turquia (Brendan Smialowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2011 às 20h39.

Ancara - O partido islamita moderado que governa a Turquia obteve neste domingo uma vitória esmagadora nas eleições legislativas, e poderá formar governo sozinho pela terceira vez consecutiva, segundo projeções das emissoras de TV.

Após uma contagem de 99% dos votos, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), do premiê  Tayyip Erdogan, no poder desde 2002, obteve 50% dos votos, segundo as emissoras de televisão.

O partido poderá formar governo sozinho, já que tem uma cômoda maioria absoluta no Parlamento, com 326 dos 550 deputados.

"Hoje, mais uma vez, ganhou a democracia e a vontade nacional", afirmou Erdogan, acompanhado de sua mulher Emine, da sacada da sede de seu partido em Ancara, dirigindo0se a milhares de simpatizantes.

Erdogan, ex-militante islamita, completou que com a vitória do AKP "Gaza, Palestina e Jerusalém também ganharan", dando uma nova demonstração de simpatia ao mundo muçulmano e em particular à causa palestina.

Depois do AKP, o principal opositor, o Partido Popular Republicano (CHP, social-democrata), conta com 25,9% dos votos, e o Partido Ação Nacionalista (MHP), terceiro, com 13%, segundo as emissoras.

Os candidatos apresentados como independentes pelo principal partido pró-curdos obtiveram trinta cadeiras no Parlamento.

Mais de 50 milhões de eleitores, de uma população de 73 milhões, foram convocados para a renovação do Parlamento. O voto é obrigatório na Turquia, sob pena de multa.

O AKP fica, no entanto, sem a maioria de dois terços (367 deputados) necessária no Parlamento para modificar, sem consultar a oposição, a Constituição herdada dos militares após o golpe de Estado de 1980.

Erdogan prometeu neste domingo à noite buscar "o mais amplo consenso" com a oposição e a sociedade civil para "fazer uma nova Constituição liberal digna da Turquia".

O primeiro-ministro prometeu que o novo texto se apoiaria em princípios democráticos e pluralistas, e se comprometeu a encontrar uma solução para o conflito curdo.

Durante toda a campanha, Erdogan enfatizou a boa saúde econômica da Turquia, atualmente a 17ª economia mundial, com um crescimento "no estilo chinês", de 8,9% em 2010, e uma inflação controlada em torno de 6%.

Mas a oposição denuncia seu autoritarismo crescente, e os atentados contra a liberdade, particularmente a prisão de jornalistas.

"Votei pelo retorno a uma democracia normal na Turquia, onde as pessoas não tenham medo de mostrar suas opiniões, declarou à AFP em Ancara Engin Ünsa, funcionário público aposentado, que não ocultou seu voto em favor da oposição.

Erdogan não esconde suas ambições de avançar para um sistema presidencialista, mas uma importante parte da opinião teme que o país migre para o autoritarismo caso essas mudanças ocorram.

Depois de uma época marcada por coalizões instáveis e governos efêmeros, a Turquia finalmente estabilizou-se política e economicamente, sob a direção do AKP, que também conseguiu fazer com que o exército, em outros tempos ator político de primeiro plano, voltasse a seus quartéis.

Mas a perspectiva de uma adesão da União Europeia está no limbo, entre outras coisas pela oposição de França e Alemanha.

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