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Islamitas egípcios insistem em seguir acampados

Os partidários de Mursi se concentraram para protestar contra o Exército e rezaram juntos por ocasião do "Eid al Fitr"


	Apoiadores do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi: as principais autoridades compareceram hoje na mesquita da Força Aérea na capital egípcia para iniciar o "Eid al Fitr".
 (Asmaa Waguih/Reuters)

Apoiadores do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi: as principais autoridades compareceram hoje na mesquita da Força Aérea na capital egípcia para iniciar o "Eid al Fitr". (Asmaa Waguih/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2013 às 15h51.

Cairo - Milhares de islamitas egípcios celebraram nesta quinta-feira o fim do mês sagrado do Ramadã mantendo seus acampamentos de protesto exigindo a volta do deposto presidente, o também islamita Mohammed Mursi, apesar das ameaças do governo de retirar os acampados em breve.

Nas praças de Rabea al Adauiya e Al Nahda no Cairo, os partidários de Mursi se concentraram para protestar contra o Exército e rezaram juntos por ocasião do "Eid al Fitr", a festa que marca o fim do Ramadã.

A esposa do deposto líder, Nagla Mahmoud, esteve durante o amanhecer em Rabea al Adauiya, o reduto dos islamitas no leste da capital egípcia, para rezar com os presentes.

O ambiente era festivo na praça de Al Nahda, onde os islamitas reforçaram as medidas de segurança com sacos de areia e muros de pedra, depois que ontem as autoridades egípcias pediram o fim dos acampamentos e deram por concluídos os esforços diplomáticos para resolver a crise política.

Ao lado das montanhas de pneus e pedras, várias crianças celebraram a festividade muçulmana - que vai até o próximo domingo - com serpentinas, balões e brincadeiras como trampolins e jogos de pingue-pongue.

A egípcia Dara Ismail, original da província de Menufiya (no delta do rio Nilo) e integrante da Irmandade Muçulmana, disse à Agência Efe que o dia de hoje é uma nova ocasião para continuar defendendo seu voto e um governo civil eleito pelo povo.


O professor universitário Mohammed Ali, que está acampado há mais de um mês, também se expressou contra o golpe militar que derrubou Mursi no dia 3 de julho após os protestos que pediam eleições antecipadas.

"Não sairemos daqui até a restituição de Mursi e o restabelecimento da legitimidade. Vamos nos defender com o pouco que temos", afirmou à Efe Ali, que ressaltou a "união" dos partidários do deposto presidente durante um "Eid al Fitr" diferente dos outros anos.

Em contraste com o protesto convocado pela Irmandade Muçulmana e outros grupos sob o lema de "O Eid da vitória", os opositores do presidente deposto se reuniram hoje na praça Tahrir do Cairo para participar da oração coletiva e apoiar o Exército.

O imã Gomaa Mohammed Ali foi o encarregado de pronunciar o sermão, no qual se opôs a qualquer derramamento de sangue e pediu o desmantelamento dos acampamentos islamitas por meios pacíficos.

Depois da oração, ficaram poucos fiéis em Tahrir, onde somente havia grupos de crianças que realizavam a festividade como em outras ocasiões.

As principais autoridades compareceram hoje na mesquita da Força Aérea na capital egípcia para iniciar o "Eid al Fitr".

Entre os presentes estavam o chefe das Forças Armadas, Abdel Fatah al Sisi; o presidente interino, Adly Mansour; o vice-presidente de Relações Exteriores, Mohamed ElBaradei; o primeiro-ministro, Hazem el Beblaui; e o titular do Ministério do Interior, Mohammed Ibrahim.


Ontem, o primeiro-ministro pediu aos islamitas que suspendam "rapidamente" os seus protestos e afirmou que não haverá "marcha ré" na decisão de se desmantelar os acampamentos de Rabea al Adauiya e Al Nahda, e acusou os responsáveis pelos protestos de incitarem à violência.

As autoridades advertiram em várias ocasiões que vão retirar os acampados, uma operação que cada vez parece mais provável, já que ontem foram encerradas as conversas diplomáticas.

Após mais de uma semana de intensas negociações de enviados internacionais, entre eles o dos Estados Unidos, William Burns, e o da União Europeia (UE), Bernardino León, a Presidência egípcia culpou a Irmandade Muçulmana pelo fracasso das mediações.

Em entrevista à imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores egípcio, Badr Abdel Atim, afirmou hoje que o Egito não se opõe à visita de delegações estrangeiras sempre que estas se baseiem no "respeito mútuo e na soberania egípcia".

Segundo o porta-voz, o titular das Relações Exteriores, Nabil Fahmi, conversou recentemente com 35 ministros de países africanos, árabes e asiáticos, além dos EUA e Rússia, para explicar que "o Exército interveio para responder a uma reivindicação popular". 

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