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Isenções de Trump cobrem 44% das exportações do Brasil aos EUA, diz Amcham

Presidente americano retirou taxas de vários itens, incluindo carne e café, mas 36,5% ainda seguem com cobranças de mais de 40% extras

Os presidentes Donald Trump e Lula, durante reunião na Malásia, em 26 de outubro (Ricardo Stuckert/PR)

Os presidentes Donald Trump e Lula, durante reunião na Malásia, em 26 de outubro (Ricardo Stuckert/PR)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 11h23.

A retirada de tarifas de importação sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump,  beneficia 44% do total de produtos que o país vendeu aos americanos em 2024, segundo cálculo feito pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham).

No entanto, 36,5% dos produtos ainda estão sujeitos a taxas extras de 40% ou 50%, e 7% pagam a tarifa extra de 10%. Veja a divisão a seguir.

  • Bens isentos de taxas extras - 44,5%
  • Bens com tarifas de 40% ou 50% - 36,5%
  • Bens com tarifa de 10% - 7%
  • Bens sujeitos à investigação pela Seção 232 - 12%

As tarifas de Donald Trump foram impostas de várias formas. Primeiro, ele estabeleceu uma taxa extra geral, de 10%, em abril, para todos os países, que chamou de tarifas recíprocas.

Em seguida, em agosto, ele colocou uma tarifa extra de 40% ao Brasil, ao acusar o país de prejudicar a economia dos EUA e de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro. Com isso, o país passou a ter uma taxa de 50% para a maioria de seus produtos. Já naquele momento, houve isenções, para itens como aviões e petróleo.

Em setembro, os presidentes Lula e Trump se aproximaram, durante a Assembleia-Geral da ONU, e iniciaram conversas para reduzir as taxas.

Nas últimas semanas, Trump começou a retirar as tarifas. Primeiro, em 14 de novembro, ele suspendeu a taxa de 10% sobre uma série de produtos, incluindo carne e café, para todos os países.

Agora, em 20 de novembro, ele removeu a tarifa de 40% sobre mais de 200 itens exportados pelo Brasil, o que anula os efeitos do tarifaço deste ano para estes itens. A lista inclui carne, café, frutas, castanhas e vários outros produtos agrícolas (veja mais ao fim do texto).

Assim, estes produtos brasileiros voltam a pagar as taxas cobradas antes do governo Trump. A carne, por exemplo, volta aos 26%, tendo chegado a 76%, com os adicionais de 10% e de 40%.

"A medida representa um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral, com efeitos imediatos para a competitividade das empresas brasileiras envolvidas e sinaliza um resultado concreto do diálogo em alto nível entre os dois países", diz a Amcham, em nota.

"Ao mesmo tempo, a Amcham reforça a necessidade de intensificar esse diálogo entre Brasil e Estados Unidos, com o objetivo de estender a eliminação dessas sobretaxas aos demais produtos ainda impactados — com destaque para bens industriais — e de aprofundar a cooperação bilateral em temas de interesse mútuo", defende a entidade.

Além das tarifas, Trump abriu uma investigação contra o Brasil por meio da Seção 232, uma parte da lei comercial dos EUA. Esse caso está em análise e poderá levar à implantação de novas tarifas. Não há data marcada para a conclusão, mas analistas esperam que o processo seja encerrado até o fim deste ano ou no começo de 2026.

Produtos beneficiados e que ficaram de fora

A lista de itens isentos agora inclui:

- Café verde e torrado, chá verde e preto e mate
- Carne bovina
- Frutas frescas, congeladas e processadas, como laranja, abacaxi, banana, manga e açaí
- Cacau e derivados
- Temperos (pimenta, gengibre, canela)
- Sucos e polpas de frutas
- Mandioca, batata e raízes/tubérculos

Alguns produtos que ainda seguem com taxa

- Máquinas
- Calçados
- Café solúvel
- Mel
- Pescados

Produtos que já haviam sido isentos em ordens anteriores

- Aeronaves e peças
- Petróleo e combustíveis
- Polpa de madeira e celulose
- Fertilizantes
- Metais preciosos

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