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Irlanda reestruturará setor financeiro criando 2 grandes bancos

Entidades submetidas a teste de solvência do BC irlandês precisarão de € 24 bilhões para enfrentar crise na economia

Agência do Bank of Ireland: governo será "radical" para recuperar bancos estatais (Ross/Wikimedia Commons)

Agência do Bank of Ireland: governo será "radical" para recuperar bancos estatais (Ross/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2011 às 15h12.

Dublin - O Governo da Irlanda anunciou nesta quinta-feira uma profunda reestruturação do sistema financeiro nacional, após serem divulgados os resultados dos testes de solvência de quatro entidades, o que resultará na criação de dois grandes bancos.

Em discurso no Parlamento de Dublin, o ministro de Finanças irlandês, Michael Noonan, indicou que o Governo irá adotar um "enfoque totalmente radical" para reformar os bancos nacionais, que, segundo ele, são grandes demais para o tamanho real da economia do país.

As entidades submetidas aos testes de solvência do Banco Central da Irlanda (ICB) são Irish Life & Permanent (IL&P), Bank of Ireland (BoI), Allied Irish Banks (AIB) e ESB - estas duas últimas já sob controle estatal junto ao Anglo Irish Bank - e o Irish Nationwide.

Tal como afirmou nesta quinta-feira o governador do ICB, Patrick Honohan, as quatro entidades citadas precisarão de 24 bilhões de euros (R$ 55,5 bilhões) extras para enfrentar uma situação de crise extrema na economia.

Se por um lado o Anglo Irish e Nationwide estão em processo de fechamento, por outro, o Estado já controla 36% do BoI, e tudo indica que aumentará sua participação até se transformar em acionista majoritário.

Segundo os testes de solvência, o BoI precisa de 5,2 bilhões de euros (R$ 12 bilhões), enquanto o IL&P necessita 4 bilhões de euros (R$ 9,2 bilhões). O ministro Noonan, contudo, não especificou se este último se integrará ao primeiro ou simplesmente irá operar como uma entidade reestruturada.

O IL&P evitou até agora a intervenção estatal porque, durante os anos do "boom" da construção civil, a entidade não emprestou dinheiro a construtores, mas a particulares, e foi capaz, até o momento, de absorver as perdas provocadas pelos subprimes (créditos de risco) graças aos lucros obtidos pelo Irish Life mediante seguros de vida e pensões.

Segundo Noonan, o ESB Building Society, que precisa de 1,5 bilhão de euros (R$ 3,4 bilhões), passará a fazer parte do AIB, cuja injeção de capital extra chega a 13,3 bilhões de euros (R$ 3,07 bilhões).

O ministro disse que o Governo pretende criar um conglomerado financeiro que restaure a credibilidade dos bancos nacionais nos mercados estrangeiros.

Patrick Honohan, no entanto, considerou nesta quinta-feira que a proposta do ministro não é a "ideal", pois lhe preocupa o custo da operação e o efeito que ela terá sobre a competitividade do setor.

Os planos de Dublin deverão ser agora aprovados pelo Banco Central Europeu, assim como pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional, instituições responsáveis pelo resgate financeiro da Irlanda, avaliado em 85 bilhões de euros (R$ 196 bilhões).

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