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Iraquianos pedem "candidato do povo" para primeiro-ministro em protestos

A revolta popular exige a reforma do sistema político e a renovação completa da classe dominante

Iraque: protestos têm sido marcados por violência e já deixaram quase 550 mortos e cerca de 30.000 feridos (Essam al-Sudani/Reuters)

Iraque: protestos têm sido marcados por violência e já deixaram quase 550 mortos e cerca de 30.000 feridos (Essam al-Sudani/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 16h11.

Centenas de iraquianos saíram às ruas neste domingo com retratos de uma figura da contestação que gostariam de ver nomeado primeiro-ministro no lugar de Mohammed Allawi, designado pela classe política rejeitada pelo movimento de protesto.

Na cidade sagrada xiita de Kerbala, ao sul de Bagdá, dezenas de estudantes exibiam fotos de Alaa al-Rikaby, farmacêutico que se tornou uma figura da contestação em Nassiriya, epicentro da revolta no sul do país.

O homem careca e rosto redondo lançou um referendo junto aos manifestantes para saber se deveria ser candidato ao cargo de primeiro-ministro.

No Twitter, ele possui dezenas de milhares de seguidores e publica regularmente vídeos com boa audiência. Em sua última postagem, feita na quinta-feira, ele afirma que "se o povo decidir assim, eu aceitarei".

"Este cargo não tem valor como tal para mim, não é um troféu. Eu o vejo como uma enorme responsabilidade", acrescentou.

Em Kerbala, Seif al-Hasnaoui, um estudante de vinte anos, disse à AFP que estava protestando para "declarar nosso apoio a Alaa al-Rikaby, o candidato do povo".

"Temos muitas demandas e uma delas é a nomeação de um primeiro-ministro e governo independentes, não relacionados a partidos, como Alaa al-Rikaby", acrescentou Hassan al-Qezouini, outro estudante.

Antes de Rikaby, Fayeq al-Sheikh Ali, um liberal e crítico das autoridades no Parlamento, havia se declarado candidato para formar o futuro governo, sem obter uma resposta da presidência.

Apesar dessas candidaturas espontâneas, o processo político continua para a formação de um novo governo.

O primeiro-ministro designado, Mohammed Allawi, disse no sábado que iria propor seu governo para o voto de confiança no Parlamento nos próximos dias, prometendo ministros "independentes", uma condição estabelecida pelo líder xiita Moqtada Sadr, que lidera a maior bancada.

Desde 1º de outubro, o Iraque está mergulhado na mais grave crise política de sua história recente.

A revolta popular exige a reforma do sistema político e a renovação completa da classe dominante. Tem sido marcada por violência, que já deixou quase 550 mortos e cerca de 30.000 feridos, de acordo com um balanço oficial.

Os manifestantes rejeitam Allawi, que foi duas vezes ministro do sistema.

Moqtada Sadr, que primeiro apoiou a contestação, agora defende o governo que está por vir. Seu movimento insiste, no entanto, que os ministros nomeados não sejam afiliados a partidos políticos.

Allawi deve, acima de tudo, conseguir a confiança do parlamento mais fragmentado da história do Iraque.

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