Iraque: país passa por onda de protestos desde a última terça-feira (Thaier Al-Sudani/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de outubro de 2019 às 17h44.
Sete manifestantes foram mortos neste domingo em protestos contra o governo na capital do Iraque, Bagdá, nas mais recentes mortes em seis dias de confrontos que já deixaram mais de 100 mortos e milhares de feridos.
O governo iraquiano intensificou os esforços para conter a exaltação popular que abalou Bagdá e várias cidades do sul do país desde a última terça-feira. Forças de segurança têm repreendido os comícios espontâneos de manifestantes exigindo empregos, melhores serviços e o fim da corrupção endêmica no país.
Na primeira declaração oficial do governo, o porta-voz do Ministério do Interior, Saad Maan, afirmou neste domingo que 104 pessoas foram mortas em seis dias de protestos, incluindo oito membros das forças de segurança, e mais de 6 mil ficaram feridas. Segundo ele, uma investigação está em andamento para determinar quem está por trás do dia de maior violência em Bagdá registrado na sexta-feira.
Os atuais protestos são o desafio mais sério que o Iraque enfrenta dois anos após a vitória contra militantes do Estado Islâmico. A confusão chega em um momento crítico para o governo, que foi pego no meio da crescente tensão entre EUA e Irã na região. O Iraque é aliado dos dois países e anfitrião de milhares de tropas americanas, bem como poderosas forças paramilitares aliadas ao Irã.
O líder espiritual xiita mais antigo do Iraque, o Aiatolá Ali al-Sistani, instou os manifestantes e as forças de segurança a acabar com a violência enquanto o primeiro ministro do país pediu aos manifestantes que voltassem para casa.
O primeiro ministro Adel Abdul-Mahdi também prometeu se reunir com os manifestantes onde quer que estejam, sem as forças armadas, para ouvir suas demandas. Abdul-Mahdi defendeu as forças de segurança, dizendo que estavam realizando seu dever e usaria a força apenas em casos extremos. "Não podemos aceitar a continuação da situação como esta", disse.
O porta-voz do Ministério do Interior afirmou que os manifestantes queimaram 51 prédios públicos e oito sedes de partidos políticos. Segundo ele, as forças de segurança não confrontaram os manifestantes, mas "mãos maliciosas" estariam por trás de alvejar tanto manifestantes quanto membros da segurança.
A declaração contradiz relatos de manifestantes e jornalistas, que disseram ter testemunhado forças de segurança disparando contra manifestantes. Alguns manifestantes afirmaram que atiradores também participaram do confronto. Maan disse a maioria dos mortos na sexta-feira foi atingida na cabeça e no coração.