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Iraque, a nova missão impossível de John Kerry

O secretário de Estado americano começa neste sábado uma viagem ao Oriente Médio e Europa para buscar um caminho para superar as divisões no Iraque


	O secretário de Estado americano, John Kerry
 (Jacquelyn Martin/AFP)

O secretário de Estado americano, John Kerry (Jacquelyn Martin/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2014 às 21h37.

O secretário de Estado americano John Kerry começa neste sábado uma viagem ao Oriente Médio e Europa para buscar um caminho para superar as divisões sectárias no Iraque, que enfrenta um avanço dos extremistas sunitas e a frustração do governo americano com o premiê xiita.

O secretário de Estado americano John Kerry começa neste sábado uma viagem ao Oriente Médio e Europa para buscar um caminho para superar as divisões sectárias no Iraque, que enfrenta um avanço dos extremistas sunitas e a frustração do governo americano com o premiê xiita

De 22 a 27 de junho, Kerry visitará Jordânia, Bélgica e França para dialogar sobre a maneira de "contribuir para a segurança, a estabilidade e a formação de um governo de unidade no Iraque", indicou o Departamento de Estado.

Apesar de não ter pedido formalmente a renúncia do primeiro-ministro Nuri al Maliki, os Estados Unidos não pouparam críticas ao chefe de governo iraquiano, acusado de sectarismo, em um país à beira do caos depois da insurreição dos combatentes do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL).

"Demos ao Iraque a possibilidade de estabelecer uma democracia inclusiva. De trabalhar além das divisões sectárias, para assegurar um futuro melhor a seus filhos. Infelizmente, o que vimos foi uma quebra de confiança", afirmou o presidente Barack Obama, em entrevista ao canal CNN na sexta-feira.

Três anos depois da retirada dos soldados americanos do Iraque, Obama declarou na quinta-feira que está disposto a enviar 300 assessores militares para apoiar as forças do país. E insistiu na necessidade do país adotar um sistema político aberto à todas as comunidades: sunitas, xiitas, curdos e cristãos.

Apesar de Washington estar disposto a realizar, se for necessário, "ataques dirigidos" contra o EILL, "não há ação militar americano que seja capaz de manter o país unido", destacou o presidente, que disse ter transmitido essa mensagem "muito claramente" a Maliki.

Governo sem unidade

"Maliki deveria ir embora", considera Michael Hanlon, diretor de pesquisas do Instituto Brookings.

"A maior parte dos sunitas e curdos o consideram um xiita chauvinista, que não tem a firma intenção de defender seus interesses. Eles provavelmente têm razão, e será muito difícil fazê-los mudar de ideia, depois de oito anos do primeiro-ministro no poder", avaliou.

Durante conversa entre Obama e o presidente francês, François Hollande, na sexta-feira, os dois pediram a formação de um governo de unidade nacional. O Iraque ainda não tem um gabinete estabelecido: o grupo de Maliki venceu as eleições legislativas de abril, mas não conseguiu formar um governo devido a profundas divisões.

A viagem de Kerry pretende defender o diálogo sério entre as comunidades religiosas do país, visando a formação de um governo mais unitário. De acordo com fontes parlamentares, o secretário também pode viajar no futuro para o Iraque, apesar do Departamento de Estado não ter levantado essa hipótese.

Em Amã, Kerry discutirá com o ministro das Relações Exteiores da Jordânia, Nasser Judeh, os "desafios que apresenta a segurança no Oriente Médio", segundo a diplomacia americana.

Na terça-feira, vai participar de um reunião ministerial da Otan em Bruxelas, onde será discutida principalmente a crise na Ucrânia.

Em Paris, vai debater "com sócios regionais e aliados do Golfo sobre os desafios na área de segurança no Oriente Médio, principalmente no Iraque e na Síria".

Os insurgentes do EILL tomaram neste sábado o controle de um dos três postos de fronteiras com do Iraque com a Síria, onde também atuam.

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