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Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2013 às 19h09.
Dubai - Milhões de iranianos votaram para escolher um novo presidente nesta sexta-feira, seguindo um pedido feito pelo líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, para comparecer em massa às urnas e desacreditar sugestões do arqui-inimigo Estados Unidos de que a eleição seria uma farsa.
Os 50 milhões de eleitores aptos a votar tiveram de escolher entre seis candidatos para substituir Mahmoud Ahmadinejad. Com aprovação das autoridades eleitorais do Irã para se candidatar, nenhum deles é visto como um desafio aos 34 anos de regime clerical da República Islâmica.
A votação terminou após uma extensão de quatro horas em várias partes do país e de cinco horas na capital Teerã porque mais pessoas do que o esperado se apresentaram para votar.
As autoridades estimaram em 70 % o comparecimento dos eleitores nas urnas. O resultado final provavelmente não será anunciado antes de sábado.
Jornalistas da Reuters não receberam vistos para cobrir a eleição, mas testemunhas que visitaram várias sessões eleitorais na capital no início do dia disseram que havia mais pessoas esperando para votar do que na eleição anterior, em 2009.
O ministro do Interior, Mostafa Mohammad Najjar, disse à estatal Press TV que houve um grande comparecimento em todo o país em resposta à exortação do líder.
"Eles querem se levantar contra o inimigo", disse.
Israel, Estados Unidos e seus aliados, que acusam Teerã de tentar desenvolver armas nucleares, estão no topo da lista de inimigos do Irã.
Votando em Teerã, Khamenei exortou os iranianos a votar em grande número e ridicularizou os receios ocidentais sobre a credibilidade do pleito.
"Recentemente, ouvi que alguém no Conselho de Segurança Nacional dos EUA disse que 'nós não aceitamos esta eleição no Irã'", disse ele. "Nós não damos a mínima." Todos os demais candidatos, exceto o atual chefe negociador nuclear do país, Saeed Jalili, criticaram a conduta da diplomacia, que deixou o Irã cada vez mais isolado e sob sanções econômicas dolorosas.
Após votar, Jalili disse: "Todos devem respeitar o nome que sair das urnas e a pessoa que o povo escolher", segundo a agência de notícias Isna.
Hossein, um eleitor de 27 anos de Teerã que pertence à milícia linha-dura Basij, disse que iria votar em Jalili, de 47 anos, assessor de segurança nacional de Khamenei e ex-membro da Guarda Revolucionária que perdeu uma perna na guerra Irã-Iraque entre 1980 e 1988.
"Ele é a única pessoa em quem posso confiar para respeitar os valores da revolução ... Ele sente e se preocupa com os necessitados", disse Hossein.
Na outra extremidade do espectro político, muitos iranianos liberais manifestaram simpatia por Hassan Rohani, o único clérigo na corrida presidencial. Apesar de ser um conservador moderado, ele cortejou apoio de reformistas ao oferecer uma agenda política mais progressista.
"Eu sou um reformista e na melhor das hipóteses ele só é um moderado, mas eu votei para ele porque é o melhor que temos neste momento", disse Sara, que votou no norte de Teerã.
O pedido de Rohani para reabilitar as relações exteriores do Irã e decretar uma "carta de direitos civis" ressoou entre muitos iranianos ávidos por mudança.
Mas alguns reformistas disseram que ainda estão em dúvida sobre a votação depois da experiência de 2009, quando líderes reformistas disseram que a eleição foi roubada deles para recolocar o presidente Mahmoud Ahmadinejad no poder. O governo negou ter fraudado a contagem.
Sem pesquisas de opinião confiáveis e independentes no Irã, é difícil avaliar a direção das urnas, menos ainda em que extensão Khamenei, a Guarda Revolucionária e a milícia islâmica Basij exercerão sua poderosa influência sobre a eleição.
O Conselho de Guardiães, um órgão do Estado que supervisiona todos os candidatos, barrou vários deles, como o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, um dos pais fundadores da República Islâmica visto como favorável a uma reforma, e o aliado de Ahmadinejad, Esfandiar Rahim Mashaie.
O estreitamento da corrida presidencial levantou preocupações com um possível baixo comparecimento nas urnas, o que o líder supremo procurou evitar.
"O importante é que todo mundo participe", disse Khamenei. "Nossa querida nação deve vir (votar) com entusiasmo e vivacidade e saber que o destino do país está nas mãos deles (eleitores) e que a felicidade do país depende deles." (Reportagem de Zahra Hosseinian, em Zurique)