Protestos ocorreram por suspeitas de fraude na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2009 (Atta Kenare/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de março de 2011 às 13h30.
Teerã - As autoridades iranianas negaram-se nesta terça-feira a confirmar o paradeiro de dois líderes oposicionistas aparentemente presos em meio à organização de protestos no país.
Mirhossein Mousavi e Mehdi Karoubi já estavam praticamente sob prisão domiciliar desde que convocaram uma manifestação em 14 de fevereiro, para demonstrar solidariedade às rebeliões do norte da África.
Na quinta-feira, eles e suas mulheres foram levados para uma prisão, segundo simpatizantes que planejam realizar uma manifestação não-autorizada nesta terça-feira para exigir a libertação deles.
Na sua conversa semanal com jornalistas, o porta-voz da chancelaria, Ramin Mehmanparast, negou-se a confirmar ou negar as prisões, dizendo que se trata de uma "questão doméstica" que está sendo explorada por governos estrangeiros a fim de prejudicar a imagem do Irã.
"As notícias relacionadas a algumas pessoas serão examinadas pelas autoridades judiciais, dentro dos marcos legais", disse Mehmanparast. "A questão não pode ser usada como pretexto pela América e por alguns outros países ocidentais (...) para tentar desviar as atenções de todos para questões irreais."
Alguns deputados pedem a pena de morte para Mousavi e Karoubi, acusando-os de praticar "sedição" ao comandarem os protestos que ocorreram no Irã depois das suspeitas de fraude na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2009.
As filhas de Mousavi divulgaram pelo site oposicionista Kaleme uma nota em que rejeitam o relato feito por uma agência local de notícias, segundo a qual eles não teriam sido presos.
"Só estaremos em condições de negar a prisão e encarceramento dos nossos pais se formos capazes de visitá-los imediatamente, sem ameaças e sem a presença das forças de segurança", disseram.
Ativistas de oposição devem se reunir às 17h (10h30 em Brasília) para uma passeata no centro de Teerã. Há temores de violência, pois o governo já alertou contra a realização de novas atividades "ilegais".
Duas pessoas foram mortas a tiros na manifestação de 14 de fevereiro. Governo e oposição culpam-se mutuamente por essas vítimas.
Um grande contingente policial foi mobilizado em protestos anteriores, e o site oposicionista Voz Verde do Irã disse que vários bares perto do local da passeata foram interditados pela polícia na segunda-feira, por suspeita de abrigarem reuniões de dissidentes.